Brasil é o terceiro país protestante do mundo. Esse status deve-se ao trabalho de Brasil é o terceiro país protestante do mundo. Esse status deve-se ao trabalho de incansáveis missionários que atuaram no Brasil, desde os primeiros calvinistas até ao grande trabalho de outros cristãos reformados. Desde o descobrimento do Brasil até hoje, já se passaram 509 anos e os cristãos evangélicos chegaram a terras brasileiras pela primeira vez em 1555, antes desse ano só quem atuou como missionários no Brasil foram os católicos. As perseguições aos missionários que atuavam no Brasil foram tão grandes que em 1646 já não se tinha nem sequer indícios do protestantismo. Depois de mais de cento e cinquenta anos de trevas, em que a chamada santa inquisição proibia a entrada de estrangeiros no Brasil. Finalmente, em 1808 uma nova lei que permitia o comércio entre países amigos abriu novamente o caminho para os missionários voltarem para o Brasil. Vamos viajar na História para compreendermos um pouco do trabalho realizado pelos missionários estrangeiros em terras brasileiras que deram o “pontapé” inicial para que chegássemos em 2018 com mais de 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. OS PROTESTANTES CHEGARAM AO BRASIL Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período colonial. Dois grupos são particularmente relevantes: — Os franceses na Guanabara (1555 – 1567): — no final de 1555, chegou à Baía da Guanabara uma expedição francesa comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, para fundar a “França Antártica”. Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de São Bartolomeu (24/08/1572).Em resposta a uma carta de Villegaignon, Calvino e a Igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes reformados, sob a liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier (1557). Fazia parte do grupo o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde estudou na Academia de Genebra e tornou-se pastor († 1611). Ele escreveria um relato da expedição, História de uma Viagem à Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578. Em 10 de março de 1557, esses reformados celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e talvez das Américas. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam. Alguns meses depois, os colonos reformados embarcaram para a França. Quando o navio ameaçou naufragar, cinco deles voltaram e foram presos: — Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, escreveram uma bela declaração de suas convicções, a “Confissão de Fé da Guanabara” (1558). Em seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, foi preso e levado para Salvador (1559 – 67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os últimos franceses foram expulsos. A França Antártica é considerada como a primeira tentativa de estabelecer tanto uma Igreja quanto um trabalho missionário protestante na América Latina. Os holandeses no Nordeste (1630 – 54): — depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a Holanda calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se uma das nações mais prósperas da Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob o controle da Espanha por sessenta anos – a chamada “União Ibérica” (1580 – 1640). Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: — o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste. O maior líder do Brasil holandês foi o príncipe João Maurício de Nassau–Siegen, que governou o Nordeste de 1637 a 1644. Nassau foi um notável administrador, promoveu a cultura, as artes e as ciências, e concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus. Sob os holandeses, a Igreja Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas Igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642 – 1646). Mais de cinquenta pastores ou “predicantes” serviram essas comunidades. A Igreja Reformada realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas. Em 1654, após quase dez anos de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York. BRASIL IMPÉRIO O século XIX testemunhou a implantação definitiva do protestantismo no Brasil. Primeiras manifestações: — Após a expulsão dos holandeses, o Brasil fechou as suas portas aos protestantes por mais de 150 anos. Foi só no início do século XIX, com a vinda da família real portuguesa, que essa situação começou a se alterar. Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e Navegação, cujo artigo XII concedeu tolerância religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos começaram a chegar, entre eles um bom número de reformados. Depois da independência, a Constituição Imperial (1824) reafirmou esses direitos, com algumas restrições. Em 1827 foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemão-Francesa, que veio a congregar, ao lado de luteranos, reformados alemães, franceses e suíços. Um dos primeiros pastores presbiterianos a visitar o Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823 – 1901), que aqui chegou em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que aportavam no Rio de Janeiro e deu assistência religiosa a imigrantes europeus. Ele manteve contatos com D. Pedro II e outros membros destacados da sociedade; lutou em favor da liberdade religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração protestante. Ele escreveu o livro O Brasil e os Brasileiros (1857), que foi muito apreciado nos Estados Unidos. Fletcher não fez nenhum trabalho missionário junto aos brasileiros, mas contribuiu para que isso acontecesse. Foi ele quem influenciou o Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley a vir para o Brasil, o que ocorreu em 1855. Kalley fundou a Igreja Evangélica Fluminense em 1858. No ano seguinte, chegou ao Rio de Janeiro o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G. Simonton. PROTESTANTISMO DE IMIGRAÇÃO “Ao iniciar-se o século XIX, não havia no Brasil vestígio de protestantismo” (B. Ribeiro, Protestantismo no Brasil Monárquico, 15). Em janeiro de 1808, com a chegada da família real, o príncipe-regente João decretou a abertura dos portos do Brasil às nações amigas. Em novembro, novo decreto concedeu amplos privilégios para os imigrantes de qualquer nacionalidade ou religião. Em fevereiro de 1810, Portugal assinou com a Inglaterra tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação. Este, em seu artigo XII, concedeu aos estrangeiros “perfeita liberdade de consciência” para praticarem sua fé. Tolerância limitada: — proibição de fazer prosélitos e falar contra a religião oficial; capelas sem forma exterior de templo e sem uso de sinos. O primeiro capelão anglicano, Robert C. Crane, chegou em 1816. A primeira capela foi inaugurada no Rio de Janeiro em 26/05/1822; seguiram-se outras nas principais cidades costeiras. Outros estrangeiros protestantes: — americanos, suecos, dinamarqueses, escoceses, franceses e especialmente alemães e suíços de tradição luterana e reformada. “Quando se proclamou a Independência, contudo, ainda não havia igreja protestante no país. Não havia culto protestante em língua portuguesa. E não há notícia de existir, então, sequer um brasileiro protestante” (B. Ribeiro, ibid., 18). Com a independência, houve grande interesse na vida de imigrantes, inclusive protestantes. Constituição Imperial de 1824, art. 5º: — “A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”. 1820 – suíços católicos iniciaram a colônia de Nova Friburgo; logo a área foi abandonada e oferecida a alemães luteranos que chegaram em maio de 1824: — um grupo de 324 imigrantes acompanhados do seu pastor, Friedrich Oswald Sauerbronn (1784 – 1864). A maior parte dos imigrantes alemães foi para o sul: — cerca de 4.800 entre 1824 e 1830 (60% protestantes). Primeiros pastores: — Johann Georg Ehlers, Karl Leopold Voges e Friedrich Christian Klingelhöffer. Junho 1827: fundação da Comunidade Protestante Alemã-Francesa do Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul da Prússia Wilhelm Von Theremin. Luteranos e calvinistas. Primeiro pastor: Ludwig Neumann. Primeiro santuário em 1837 (alugado); o edifício próprio foi inaugurado em 1845. Por falta de ministros ordenados, os primeiros luteranos organizaram sua própria vida religiosa. Elegeram leigos para serem pastores e professores, os “pregadores-colonos”. Na década de 1850, a Prússia e a Suíça “descobriram” os alemães do sul do Brasil e começaram a enviar-lhes missionários e ministros. Isso criou uma Igreja mais institucional e européia. Em 1868, o Rev. Hermann Borchard (chegou em 1864) e outros colegas fundaram o Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul, que foi extinto em 1875. Em 1886, o Rev. Wilhelm Rotermund (chegou em 1874), organizou o Sínodo Rio-Grandense, que se tornou modelo para outras organizações similares. Até o final da Segunda Guerra Mundial as Igrejas luteranas permaneceram culturalmente isoladas da sociedade brasileira. Uma consequência importante da imigração protestante é o fato de que ela ajudou a criar as condições que facilitaram a introdução do protestantismo missionário no Brasil. Erasmo Braga observou que, à medida que os imigrantes alemães exigiam garantias legais de liberdade religiosa, estadistas liberais criaram “a legislação avançada que, durante o longo reinado de D. Pedro II, protegeu as missões evangélicas da perseguição aberta e até mesmo colocou as comunidades não católicas sob a proteção das autoridades imperiais” (The Republic of Brazil, 49). Em 1930, de uma comunidade protestante de 700 mil pessoas no país, as Igrejas imigrantes tinham aproximadamente 300 mil filiados. A maior parte estava ligada à Igreja Evangélica Alemã do Brasil (215 mil) e vivia no Rio Grande do Sul. PROTESTANTISMO MISSIONÁRIO As primeiras organizações protestantes que atuaram junto aos brasileiros foram as sociedades bíblicas: Britânica e Estrangeira (1804) e Americana (1816). Traduções da Bíblia: protestante – Rev. João Ferreira de Almeida (1628 – 1691); católica – Pe. Antonio Pereira de Figueiredo (1725 – 1797). Primeiros agentes oficiais: SBA – James C. Fletcher (1855); SBBE – Richard Corfield (1856). O trabalho dos colportores. A Igreja Metodista Episcopal foi a primeira denominação a iniciar atividades missionárias junto aos brasileiros (1835 – 41). Obreiros: Fountain E. Pitts, Justin Spaulding e Daniel Parish Kidder. Fundaram no Rio de Janeiro a primeira escola dominical do Brasil. Também atuaram como capelães da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros, fundada em 1828. Daniel P. Kidder: — figura importante dos primórdios do protestantismo brasileiro. Viajou por todo o país, vendeu Bíblias, contactou intelectuais e políticos destacados, como o Pe. Feijó, regente do império (1835 – 37). Escreveu Anotações de Residência e Viagens no Brasil, publicado em 1845, clássico que despertou grande interesse pelo nosso país. James Cooley Fletcher (1823 – 1901): pastor presbiteriano estudou em Princeton e na Europa, casou-se com uma filha de César Malan, teólogo calvinista de Genebra. Chegaram ao Brasil em 1851, como novo capelão da Sociedade dos Amigos dos Marinheiros e como missionário da União Cristã Americana e Estrangeira. Atuou como secretário interino da legação americana no Rio e foi o primeiro agente oficial da Sociedade Bíblica Americana. Promotor entusiasta do protestantismo e do “progresso”. Escreveu O Brasil e os Brasileiros, publicado em 1857. Robert Reid Kalley (1809 – 1888): nascido na Escócia, estudou medicina e em 1838 foi trabalhar como missionário na Ilha da Madeira. Oito anos depois, escapou de violenta perseguição e foi com seus paroquianos para os Estados Unidos. Fletcher sugeriu que fosse para o Brasil, aonde Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley (1825 – 1907) chegaram em maio de 1855. No mesmo ano, fundaram em Petrópolis a primeira escola dominical permanente do país (19/08/1855). Em 11 de julho de 1858, Kalley fundou a Igreja Evangélica, depois Igreja Evangélica Fluminense (1863), cujo primeiro membro brasileiro foi Pedro Nolasco de Andrade. Kalley teve importante atuação na defesa da liberdade religiosa. Sua esposa foi autora do famoso hinário Salmos e Hinos (1861). Igreja Presbiteriana: missionários pioneiros – Ashbel Green Simonton (1859), Alexander L. Blackford (1860), Francis J.C. Schneider (1861). Primeiras Igrejas: Rio de Janeiro (12/01/1862), São Paulo e Brotas (1865). Imprensa Evangélica (1864), Seminário (1867). Primeiro pastor brasileiro: José Manoel da Conceição (17/12/1865). A Escola Americana foi criada em 1870 e o Sínodo do Brasil surgiu em 1888. Imigrantes americanos: estabeleceram-se no interior de São Paulo após a Guerra Civil americana (1861 – 65). Foram seguidos por missionários presbiterianos, metodistas e batistas. Pioneiros presbiterianos da Igreja do sul dos Estados Unidos (PCUS): George N. Morton e Edward Lane (1869). Fundaram o Colégio Internacional (1873). Igreja Metodista Episcopal (sul dos EUA): enviou Junius E. Newman para trabalhar junto aos imigrantes (1876). O primeiro missionário aos brasileiros foi John James Ransom, que chegou em 1876 e dois anos depois organizou a primeira Igreja no Rio de Janeiro. Martha Hite Watts iniciou uma escola para moças em Piracicaba (1881). A partir de 1880, a I.M.E. do norte dos EUA enviou obreiros ao norte do Brasil (William Taylor, Justus H. Nelson) e ao Rio Grande do Sul. A Conferência Anual Metodista foi organizada em 1886 pelo bispo John C. Granbery, com a presença de apenas três missionários. Igreja Batista: os primeiros missionários, Thomas Jefferson Bowen e sua esposa (1859 – 61) não foram bem-sucedidos. Em 1871, os imigrantes de Santa Bárbara organizaram duas Igrejas. Os primeiros missionários junto aos brasileiros foram William B. Bagby, Zachary C. Taylor e suas esposas (chegados em 1881 – 82). O primeiro membro e pastor batista brasileiro, foi o ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque, que já estivera ligado aos metodistas. Em 1882 o grupo fundou a primeira Igreja em Salvador, Bahia. A Convenção Batista Brasileira foi criada em 1907. Igreja Protestante Episcopal: última das denominações históricas a iniciar trabalho missionário no Brasil. Um importante e controvertido precursor havia sido Richard Holden (1828 – 1886), que durante três anos (1861 – 64) atuou com poucos resultados no Pará e na Bahia. O trabalho permanente teve início em 1890 com James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving. Inspirados pela obra de Simonton e por um folheto sobre o Brasil, fixaram-se em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, estado até então pouco ocupado por outras missões. Em 1899, Kinsolving tornou-se o primeiro bispo residente da Igreja Episcopal do Brasil. CONCLUSÃO Depois de viajarmos por séculos de História chegamos a conclusão que fica muito claro a atuação do Espírito Santo de Deus em todos os acontecimentos, desde a perseguição dos Jesuítas que não ficou em brancas nuvens, os perseguidores passaram a perseguidos e foram expulsos do Brasil. Uma lei abriu as portas para os missionários retornarem ao nosso país. que atuaram no Brasil, desde os primeiros calvinistas até ao grande trabalho de outros cristãos reformados. Desde o descobrimento do Brasil até hoje, já se passaram 509 anos e os cristãos evangélicos chegaram a terras brasileiras pela primeira vez em 1555, antes desse ano só quem atuou como missionários no Brasil foram os católicos. As perseguições aos missionários que atuavam no Brasil foram tão grandes que em 1646 já não se tinha nem sequer indícios do protestantismo. Depois de mais de cento e cinquenta anos de trevas, em que a chamada santa inquisição proibia a entrada de estrangeiros no Brasil. Finalmente, em 1808 uma nova lei que permitia o comércio entre países amigos abriu novamente o caminho para os missionários voltarem para o Brasil. Vamos viajar na História para compreendermos um pouco do trabalho realizado pelos missionários estrangeiros em terras brasileiras que deram o “pontapé” inicial para que chegássemos em 2018 com mais de 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. OS PROTESTANTES CHEGARAM AO BRASIL Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período colonial. Dois grupos são particularmente relevantes: — Os franceses na Guanabara (1555 – 1567): — no final de 1555, chegou à Baía da Guanabara uma expedição francesa comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, para fundar a “França Antártica”. Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de São Bartolomeu (24/08/1572).Em resposta a uma carta de Villegaignon, Calvino e a Igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes reformados, sob a liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier (1557). Fazia parte do grupo o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde estudou na Academia de Genebra e tornou-se pastor († 1611). Ele escreveria um relato da expedição, História de uma Viagem à Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578. Em 10 de março de 1557, esses reformados celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e talvez das Américas. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam. Alguns meses depois, os colonos reformados embarcaram para a França. Quando o navio ameaçou naufragar, cinco deles voltaram e foram presos: — Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, escreveram uma bela declaração de suas convicções, a “Confissão de Fé da Guanabara” (1558). Em seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, foi preso e levado para Salvador (1559 – 67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os últimos franceses foram expulsos. A França Antártica é considerada como a primeira tentativa de estabelecer tanto uma Igreja quanto um trabalho missionário protestante na América Latina. Os holandeses no Nordeste (1630 – 54): — depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a Holanda calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se uma das nações mais prósperas da Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob o controle da Espanha por sessenta anos – a chamada “União Ibérica” (1580 – 1640). Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: — o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste. O maior líder do Brasil holandês foi o príncipe João Maurício de Nassau–Siegen, que governou o Nordeste de 1637 a 1644. Nassau foi um notável administrador, promoveu a cultura, as artes e as ciências, e concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus. Sob os holandeses, a Igreja Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas Igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642 – 1646). Mais de cinquenta pastores ou “predicantes” serviram essas comunidades. A Igreja Reformada realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas. Em 1654, após quase dez anos de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York. BRASIL IMPÉRIO O século XIX testemunhou a implantação definitiva do protestantismo no Brasil. Primeiras manifestações: — Após a expulsão dos holandeses, o Brasil fechou as suas portas aos protestantes por mais de 150 anos. Foi só no início do século XIX, com a vinda da família real portuguesa, que essa situação começou a se alterar. Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e Navegação, cujo artigo XII concedeu tolerância religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos começaram a chegar, entre eles um bom número de reformados. Depois da independência, a Constituição Imperial (1824) reafirmou esses direitos, com algumas restrições. Em 1827 foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemão-Francesa, que veio a congregar, ao lado de luteranos, reformados alemães, franceses e suíços. Um dos primeiros pastores presbiterianos a visitar o Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823 – 1901), que aqui chegou em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que aportavam no Rio de Janeiro e deu assistência religiosa a imigrantes europeus. Ele manteve contatos com D. Pedro II e outros membros destacados da sociedade; lutou em favor da liberdade religiosa, da emancipação dos escravos e da imigração protestante. Ele escreveu o livro O Brasil e os Brasileiros (1857), que foi muito apreciado nos Estados Unidos. Fletcher não fez nenhum trabalho missionário junto aos brasileiros, mas contribuiu para que isso acontecesse. Foi ele quem influenciou o Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley a vir para o Brasil, o que ocorreu em 1855. Kalley fundou a Igreja Evangélica Fluminense em 1858. No ano seguinte, chegou ao Rio de Janeiro o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G. Simonton. PROTESTANTISMO DE IMIGRAÇÃO “Ao iniciar-se o século XIX, não havia no Brasil vestígio de protestantismo” (B. Ribeiro, Protestantismo no Brasil Monárquico, 15). Em janeiro de 1808, com a chegada da família real, o príncipe-regente João decretou a abertura dos portos do Brasil às nações amigas. Em novembro, novo decreto concedeu amplos privilégios para os imigrantes de qualquer nacionalidade ou religião. Em fevereiro de 1810, Portugal assinou com a Inglaterra tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação. Este, em seu artigo XII, concedeu aos estrangeiros “perfeita liberdade de consciência” para praticarem sua fé. Tolerância limitada: — proibição de fazer prosélitos e falar contra a religião oficial; capelas sem forma exterior de templo e sem uso de sinos. O primeiro capelão anglicano, Robert C. Crane, chegou em 1816. A primeira capela foi inaugurada no Rio de Janeiro em 26/05/1822; seguiram-se outras nas principais cidades costeiras. Outros estrangeiros protestantes: — americanos, suecos, dinamarqueses, escoceses, franceses e especialmente alemães e suíços de tradição luterana e reformada. “Quando se proclamou a Independência, contudo, ainda não havia igreja protestante no país. Não havia culto protestante em língua portuguesa. E não há notícia de existir, então, sequer um brasileiro protestante” (B. Ribeiro, ibid., 18). Com a independência, houve grande interesse na vida de imigrantes, inclusive protestantes. Constituição Imperial de 1824, art. 5º: — “A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo”. 1820 – suíços católicos iniciaram a colônia de Nova Friburgo; logo a área foi abandonada e oferecida a alemães luteranos que chegaram em maio de 1824: — um grupo de 324 imigrantes acompanhados do seu pastor, Friedrich Oswald Sauerbronn (1784 – 1864). A maior parte dos imigrantes alemães foi para o sul: — cerca de 4.800 entre 1824 e 1830 (60% protestantes). Primeiros pastores: — Johann Georg Ehlers, Karl Leopold Voges e Friedrich Christian Klingelhöffer. Junho 1827: fundação da Comunidade Protestante Alemã-Francesa do Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul da Prússia Wilhelm Von Theremin. Luteranos e calvinistas. Primeiro pastor: Ludwig Neumann. Primeiro santuário em 1837 (alugado); o edifício próprio foi inaugurado em 1845. Por falta de ministros ordenados, os primeiros luteranos organizaram sua própria vida religiosa. Elegeram leigos para serem pastores e professores, os “pregadores-colonos”. Na década de 1850, a Prússia e a Suíça “descobriram” os alemães do sul do Brasil e começaram a enviar-lhes missionários e ministros. Isso criou uma Igreja mais institucional e européia. Em 1868, o Rev. Hermann Borchard (chegou em 1864) e outros colegas fundaram o Sínodo Evangélico Alemão da Província do Rio Grande do Sul, que foi extinto em 1875. Em 1886, o Rev. Wilhelm Rotermund (chegou em 1874), organizou o Sínodo Rio-Grandense, que se tornou modelo para outras organizações similares. Até o final da Segunda Guerra Mundial as Igrejas luteranas permaneceram culturalmente isoladas da sociedade brasileira. Uma consequência importante da imigração protestante é o fato de que ela ajudou a criar as condições que facilitaram a introdução do protestantismo missionário no Brasil. Erasmo Braga observou que, à medida que os imigrantes alemães exigiam garantias legais de liberdade religiosa, estadistas liberais criaram “a legislação avançada que, durante o longo reinado de D. Pedro II, protegeu as missões evangélicas da perseguição aberta e até mesmo colocou as comunidades não católicas sob a proteção das autoridades imperiais” (The Republic of Brazil, 49). Em 1930, de uma comunidade protestante de 700 mil pessoas no país, as Igrejas imigrantes tinham aproximadamente 300 mil filiados. A maior parte estava ligada à Igreja Evangélica Alemã do Brasil (215 mil) e vivia no Rio Grande do Sul. PROTESTANTISMO MISSIONÁRIO As primeiras organizações protestantes que atuaram junto aos brasileiros foram as sociedades bíblicas: Britânica e Estrangeira (1804) e Americana (1816). Traduções da Bíblia: protestante – Rev. João Ferreira de Almeida (1628 – 1691); católica – Pe. Antonio Pereira de Figueiredo (1725 – 1797). Primeiros agentes oficiais: SBA – James C. Fletcher (1855); SBBE – Richard Corfield (1856). O trabalho dos colportores. A Igreja Metodista Episcopal foi a primeira denominação a iniciar atividades missionárias junto aos brasileiros (1835 – 41). Obreiros: Fountain E. Pitts, Justin Spaulding e Daniel Parish Kidder. Fundaram no Rio de Janeiro a primeira escola dominical do Brasil. Também atuaram como capelães da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros, fundada em 1828. Daniel P. Kidder: — figura importante dos primórdios do protestantismo brasileiro. Viajou por todo o país, vendeu Bíblias, contactou intelectuais e políticos destacados, como o Pe. Feijó, regente do império (1835 – 37). Escreveu Anotações de Residência e Viagens no Brasil, publicado em 1845, clássico que despertou grande interesse pelo nosso país. James Cooley Fletcher (1823 – 1901): pastor presbiteriano estudou em Princeton e na Europa, casou-se com uma filha de César Malan, teólogo calvinista de Genebra. Chegaram ao Brasil em 1851, como novo capelão da Sociedade dos Amigos dos Marinheiros e como missionário da União Cristã Americana e Estrangeira. Atuou como secretário interino da legação americana no Rio e foi o primeiro agente oficial da Sociedade Bíblica Americana. Promotor entusiasta do protestantismo e do “progresso”. Escreveu O Brasil e os Brasileiros, publicado em 1857. Robert Reid Kalley (1809 – 1888): nascido na Escócia, estudou medicina e em 1838 foi trabalhar como missionário na Ilha da Madeira. Oito anos depois, escapou de violenta perseguição e foi com seus paroquianos para os Estados Unidos. Fletcher sugeriu que fosse para o Brasil, aonde Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley (1825 – 1907) chegaram em maio de 1855. No mesmo ano, fundaram em Petrópolis a primeira escola dominical permanente do país (19/08/1855). Em 11 de julho de 1858, Kalley fundou a Igreja Evangélica, depois Igreja Evangélica Fluminense (1863), cujo primeiro membro brasileiro foi Pedro Nolasco de Andrade. Kalley teve importante atuação na defesa da liberdade religiosa. Sua esposa foi autora do famoso hinário Salmos e Hinos (1861). Igreja Presbiteriana: missionários pioneiros – Ashbel Green Simonton (1859), Alexander L. Blackford (1860), Francis J.C. Schneider (1861). Primeiras Igrejas: Rio de Janeiro (12/01/1862), São Paulo e Brotas (1865). Imprensa Evangélica (1864), Seminário (1867). Primeiro pastor brasileiro: José Manoel da Conceição (17/12/1865). A Escola Americana foi criada em 1870 e o Sínodo do Brasil surgiu em 1888. Imigrantes americanos: estabeleceram-se no interior de São Paulo após a Guerra Civil americana (1861 – 65). Foram seguidos por missionários presbiterianos, metodistas e batistas. Pioneiros presbiterianos da Igreja do sul dos Estados Unidos (PCUS): George N. Morton e Edward Lane (1869). Fundaram o Colégio Internacional (1873). Igreja Metodista Episcopal (sul dos EUA): enviou Junius E. Newman para trabalhar junto aos imigrantes (1876). O primeiro missionário aos brasileiros foi John James Ransom, que chegou em 1876 e dois anos depois organizou a primeira Igreja no Rio de Janeiro. Martha Hite Watts iniciou uma escola para moças em Piracicaba (1881). A partir de 1880, a I.M.E. do norte dos EUA enviou obreiros ao norte do Brasil (William Taylor, Justus H. Nelson) e ao Rio Grande do Sul. A Conferência Anual Metodista foi organizada em 1886 pelo bispo John C. Granbery, com a presença de apenas três missionários. Igreja Batista: os primeiros missionários, Thomas Jefferson Bowen e sua esposa (1859 – 61) não foram bem-sucedidos. Em 1871, os imigrantes de Santa Bárbara organizaram duas Igrejas. Os primeiros missionários junto aos brasileiros foram William B. Bagby, Zachary C. Taylor e suas esposas (chegados em 1881 – 82). O primeiro membro e pastor batista brasileiro, foi o ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque, que já estivera ligado aos metodistas. Em 1882 o grupo fundou a primeira Igreja em Salvador, Bahia. A Convenção Batista Brasileira foi criada em 1907. Igreja Protestante Episcopal: última das denominações históricas a iniciar trabalho missionário no Brasil. Um importante e controvertido precursor havia sido Richard Holden (1828 – 1886), que durante três anos (1861 – 64) atuou com poucos resultados no Pará e na Bahia. O trabalho permanente teve início em 1890 com James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving. Inspirados pela obra de Simonton e por um folheto sobre o Brasil, fixaram-se em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, estado até então pouco ocupado por outras missões. Em 1899, Kinsolving tornou-se o primeiro bispo residente da Igreja Episcopal do Brasil. CONCLUSÃO Depois de viajarmos por séculos de História chegamos a conclusão que fica muito claro a atuação do Espírito Santo de Deus em todos os acontecimentos, desde a perseguição dos Jesuítas que não ficou em brancas nuvens, os perseguidores passaram a perseguidos e foram expulsos do Brasil. Uma lei abriu as portas para os missionários retornarem ao nosso país.
para seminaristas, teólogos e todos aqueles interessados em teologia conservadora e principalmente histórica, como História da Igreja, História de Israel, história da religião, etc.
sábado, 21 de abril de 2018
Uma breve história do protestantismo
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