quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Principais idéias de Epicuro



PRINCIPAIS IDEIAS: Para Epicuro o objetivo da vida feliz é o prazer, mas, em que consiste a felicidade? É bom ter muitos desejos? Segundo este filósofo o prazer e a felicidade são certamente os critérios condutores do ser humano. O problema está em definir qual é o verdadeiro prazer e como otimizar o bem-estar pessoal, lembrando que a um prazer imediato corresponde muitas vezes uma dor futura. Segundo Epicuro a solução mais sábia está em submeter a busca da felicidade ao juízo da razão. É preciso, portanto, eliminar os medos inúteis (da morte, dos deuses, da dor), moderar as necessidades de modo que o seu gozo não se transforme no contrário e, principalmente, a tranquilidade do espírito, a serenidade.
Cálculo do prazer - Consiste na ideia de Epicuro de que é possível maximizar o bem-estar da vida por meio do cuidadoso cálculo matemático, dos sacrifícios e do prazer decorrentes de um comportamento. O cálculo não deve considerar somente as consequencias imediatas, mas também, as de longo prazo, posto que, frequentemente, satisfazer um desejo provoca uma imediata felicidade.
Necessidades - Epicuro distingue três tipos de necessidades: 1) Necessidades naturais e essenciais, a serem saciadas sempre (por exemplo, a fome, a sede, o sono). Dependem das necessidades biológicas do corpo e, se não forem satisfeitas, produzem a morte. 2) Necessidades naturais e não essenciais, a serem buscadas com moderação ou nem mesmo assim (por exemplo, comer bem ou demais, exceder-se nas práticas sexuais). 3) Necessidades não naturais e não essenciais, que nunca devem ser buscadas, pela sua natureza artificial (glória, sucesso, riqueza, riqueza, beleza).
Hedonismo - Corresponde à doutrina do Epicurismo, pela qual o prazer é o fim e o princípio de uma vida feliz, objetivo em direção ao qual todo indivíduo orienta a própria ação. No entanto, segundo Epicuro, é preciso distinguir entre prazer efêmero (felicidade, alegria) e prazer estável, definido pela negativa, como ausência de dor. Dado que somente o segundo tipo de prazer é perseguido pele sábio, o Epicurismo condena a tentativa de satisfazer indiscriminadamente todo desejo, defendendo a necessidade doracionalismo ético, ou seja, um sensato controle da razão sobre as emoções e as pulsões do espírito.

Filosofia de Zenão


Zenão floresceu cerca de 464/461 a.C. Nasceu em Eléia (Itália). Ao contrário de Heráclito, interveio na política, dando leis à sua pátria. Tendo conspirado contra a tirania e o tirano (Nearco?), acabou preso, torturado e, por não revelar o nome dos comparsas, perdeu a vida. - Escreveu várias obras em prosa: DiscussõesContra os FísicosSobre a NaturezaExplicação Crítica de Empédocles. - Considerado criador da dialética (entendida como argumentação combativa ou erística), Zenão erigiu-se em defensor de seu mestre, Parmênides, contra as críticas dos adversários, principalmente os pitagóricos. Defendeu o ser uno, contínuo e indivisível de Parmênides contra o ser múltiplo, descontínuo e divisível dos pitagóricos.
A característica de Zenão é a dialética. Ele é o mestre da Escola Eleática; nela seu puro pensamento torna-se o movimento do conceito em si mesmo, a alma pura da ciência - é o iniciador da dialética. Pois até agora só vimos nos eleatas a proposição:


"O nada não possui realidade, não é, e aquilo que é surgir e desaparecer cai fora". Em Zenão, pelo contrário, também descobrimos tal afirmar e sobressumir daquilo que o contradiz, mas não o vemos, ao mesmo tempo, começar com esta afirmação; é a razão que realiza o começo - ela aponta, tranqüila em si mesma, naquilo que é afirmado como sendo sua destruição. Parmênides afirmou:

"O universo é imutável, pois na mudança seria posto o não-ser daquilo que é; mas somente é ser, no 'não-ser é' se contradizem sujeito e predicado".

Zenão, pelo contrário, diz:
"Afirmai vossa mudança: nela enquanto mudança, é o nada para ela, ou ela não é nada". Nisto consistia o movimento determinado, pleno para aquela mudança; Zenão falou e voltou-se contra o movimento como tal ou puro movimento.
Também Zenão era um eleata; é o mais jovem e viveu particularmente em convívio com Parmênides. Este o amava muito e o adotou como filho. Seu pai verdadeiro chamava-se Teleutágoras. Em sua vida não apenas era algo de muito respeito em seu Estado, mas também em geral era célebre e muito respeitado como professor.Platão  o lembra: de Atenas e de outros lugares vinham homens a ele para entregar-se à sua formação. Atribuiu-se-lhe orgulhosa auto-suficiência, pelo fato de (exceto sua viagem a Atenas) ter sua residência fixa em Eléia, negando-se a viver por mais tempo na grande e poderosa Atenas, para lá colher fama. Segundo muitas lendas, a fortaleza de sua alma tornou-se célebre pela sua morte. Ela teria salvo um Estado (não se sabe se sua pátria Eléia ou se Sicília) de seu tirano, sacrificando da seguinte maneira sua vida: Teria participado de uma conjuração para derrubar o tirano, tendo, porém, esta sido traída. Quando o tirano, diante de seu povo, o fez torturar de todos os modos, para arrancar-lhe a confissão dos nomes dos outros conjuradores, e ao perguntar pelos inimigos do Estado, Zenão delatou primeiro todos os amigos do tirano como participantes da conjuração, chamando então o tirano mesmo a peste do Estado. Dessa maneira, as poderosas admoestações ou também as torturas horríveis e a morte de Zenão ergueram os cidadãos e levantaram-lhes o ânimo, para caírem sobre o tirano, liquidá-lo e assim libertar-se. De modo violento e furioso de sua reação. Diz-se que ele se postou como se quisesse dizer ainda algo aos ouvidos do tirano, mordendo-lhe, no entanto, a orelha e cerrando os dentes até ter sido trucidado pelos outros. Outros narram que ele teria ferrado os dentes em seu nariz, segurando-o assim. Outros ainda dizem que, tendo suas respostas sido seguidas de enormes torturas, ele cortou a língua com os próprios dentes e a cuspiu no rosto do tirano, para lhe mostrar que dele nada arrancaria; depois disso teria sido triturado num pilão.




1) Segundo seu elemento tético, a filosofia de Zenão é, em seu conteúdo, inteiramente igual à que vimos em Xenófanes e Parmênides, apenas com esta diferença fundamental, que os momentos e as oposições são expressos mais como conceitos e pensamentos. Já em seu elemento tético vemos progresso; ele já está mais avançado no sobressumir das oposições e determinações.


"É impossível", diz ele, "que, quando algo é, surja" (ele relaciona isto com a divindade); "pois teria que surgir ou do igual ou do desigual. Ambas as coisas são, porém. impossíveis; pois não se pode atribuir, ao igual, que dele se produza mais do que deve ser produzido, Já que os iguais devem ter entre si as mesmas determinações." Com a aceitação da igualdade, desaparece a diferença entre o que produz e aquilo que é produzido. "Tampouco pode surgir o desigual do desigual; pois se do mais fraco se originasse o mais forte ou do menor o maior ou do pior o melhor, ou se, inversamente, o pior viesse do melhor, originar-se-ia o não-ser do ente, o que é impossível; portanto. Deus é eterno." Isto foi denominado panteísmo (spinozismo), que repousaria sobre a proposição ex nihilo nihil fit. Em Xenófanes e Parmênides tínhamos ser e nada. Do nada é imediatamente nada, do ser, ser; mas assim já é. Ser é a igualdade expressa como imediata; pelo contrário, igualdade como igualdade pressupõe o movimento do pensamento e a mediação, a reflexão em si. Ser e não-ser situam-se assim, lado a lado, sem que sua unidade seja concebida como a de diferentes; estes diferentes não são expressos como diferentes. Em Zenão a desigualdade é o outro membro em oposição a igualdade.
Em seguida, é demonstrada a unidade de Deus: "Se Deus é o mais poderoso de tudo, então Ihe é próprio que seja um; pois, na medida em que dele houvesse dois ou ainda mais, ele não teria poder sobre eles; mas enquanto Ihe faltasse o poder sobre os outros não seria Deus. Se, portanto, houvesse mais deuses, eles seriam mais poderosos e mais fracos um em face do outro; não seriam, por conseguinte, deuses; pois faz parte da natureza de Deus não ter acima de si nada mais poderoso; pois o igual não é nem pior nem melhor que o igual - ou não se distingue dele. Se, portanto, Deus é e se ele é de tal natureza, então só há um Deus; não seria capaz de tudo o que quisesse, se houvesse mais deuses".
"Sendo um, é em toda parte igual, ouve, vê e possui também, em toda parte, os outros sentimentos; pois, não fosse assim, as partes de Deus dominariam uma sobre a outra" (uma estaria onde a outra não está, reprimi-la-ia; uma parte teria determinações que faltariam às outras), "o que é impossível. Como Deus é em toda parte igual, possui ele a forma esférica; pois não é aqui assim, em outra parte de outro modo, mas em toda parte igual." Diz ainda: "Já que é eterno, um e esférico, ele nao é nem infinito (ilimitado) nem limitado. Pois,:

a) ilimitado é o não-ente; pois este não possui nem meio, nem começo, nem fim, nem uma parte - tal coisa é o ilimitado. Como, porém, é o não-ente, assim não é o ente. 0 ilimitado é o indeterminado, o negativo; seria o não-ente, a supressão do ser, e é assim, ele mesmo, determinado como algo unilateral.

b) Dar-se-ia delimitação mútua, se houvesse diversos; mas. como é apenas um, ele não é limitado." Assim Zenão também mostra: "O um não se move, nem é imóvel. Pois imóvel é:


a) o não-ente" (no não-ente não se realiza nenhum movimento; com a falta de movimento estaria posto o não-ser ou o vazio; o imóvel é negativo; "pois para ele nenhuma outra coisa advém, nem vai para coisa alguma.


b) Movido, porém, somente é o múltiplo; pois um dever-se-ia mover para o outro." Movido só é o que é diferente de outro; pressupõe-se uma multiplicidade de tempo, espaço. "O um, portanto, não está nem em repouso nem se movimenta; pois não se parece nem com o não-ente nem com o múltiplo. Em tudo isto, Deus se comporta assim; pois ele é eterno e um, idêntico a si mesmo e esférico nem ilimitado nem limitado, nem em repouso nem em movimento." Do fato de nada poder provir, quer do igual quer do desigual, Aristóteles conclui que, ou nada existe fora de Deus, ou tudo é eterno.

Vemos, em tal tipo de raciocínio, uma dialética que se pode denominar de raciocínio metafísico. 0 princípio da identidade Ihe serve de fundamento: "O nada é igual ao nada, não passa para o ser, nem vice-versa; do igual, portanto, nada pode provir". O ser, o um da Escola Eleática é apenas esta abstração, este afundar-se no abismo da identidade do entendimento. Este modo, o mais antigo, de argumentar é ainda, até o dia de hoje, válido, por exemplo, nas assim chamadas demonstrações da unidade de Deus. A isto vemos ligada uma outra espécie de raciocínio metafísico: são feitas pressuposições, por exemplo. o poder de Deus, raciocinando-se, a partir daí. negando-se predicados. Esta a maneira comum de nós raciocinarmos. No que se refere às determinações deve-se observar que elas, enquanto algo negativo, devem ser mantidas afastadas do ser positivo e apenas real.
Para ir a esta abstração fazemos um outro caminho, não utilizamos a dialética que usa a Escola Eleática; nosso caminho é trivial e mais óbvio. Nós dizemos que Deus é imutável, a mudança apenas se atribui às coisas finitas (isto como que sendo uma proposição empírica); de um lado temos, assim, as coisas finitas e a mudança; de outro lado, a imutabilidade nesta unidade abstrata e absoluta consigo mesma. É a mesma separação; só que nós deixamos valer como ser também o finito. o que os eleatas desprezaram. Ou também partimos das coisas finitas para as espécies, gêneros, e deixamos, passo a passo, o negativo de lado; e o gênero mais alto é então Deus, que, enquanto o ser supremo, é apenas afirmativamente, mas sem qualquer determinação. Ou passamos do finito para o infinito, dizendo que o finito, enquanto limitado, deve ter seu fundamento no infinito. Em todas estas formas que nos são bem familiares está contida a mesma dificuldade da questão que se levanta no que diz respeito ao pensamento eleático: De onde vem a determinação, como deve ela ser concebida, tanto no um mesmo, que deixa o finito de lado, como no modo como o infinito se manifesta no finito? Os eleatas distinguem-se, em seu pensamento, de nosso modo de refletir comum, pelo fato de terem posto mãos à obra de maneira especulativa - o especulativo tem lugar no fato de afirmarem que a mudança não é - e pelo fato de, desta maneira. terem mostrado que, assim como se pressupõe o ser, a mudança é em si contradição, algo incompreensível: pois do um, do ser, está afastada a determinação do negativo, da multiplicidade. Enquanto nós deixamos valer, em nossa representação, a realidade do mundo finito, os eleatas foram mais conseqüentes, avançando até a afirmação de que só o um é e de que o negativo não é - conseqüência que, ainda que deva ser por nós admirada, é, contudo, não menos, uma grande abstração
Particularmente digno de nota é o fato de que. em Zenão, já há a consciência mais alta de que uma determinação é negada de que esta negação mesma é novamente uma determinação, devendo então, na negação absoluta. não ser negada apenas uma determinação, mas ambas as negações que se opõem. Antes é negado o movimento e a essência absoluta aparece como em repouso; ou é negada enquanto finita. e então é puramente infinita. Isto, porém, também é determinação, também ela finita. Do mesmo modo, também o ser em oposição ao não-ser é uma determinação.
Sendo a essência absoluta posta como o um ou o ser, ela é posta através da negação; é determinada como o negativo e, assim, como o nada, e ao nada se atribuem os mesmos predicados que ao ser: o puro ser não é movimento, é o nada do movimento. Isto pressentiu Zenão; e, porque previu que o ser é o oposto do nada, assim negou ele do um o que deveria dizer-se do nada. Mas o mesmo deveria acontecer com o resto. 0 um é o mais poderoso e nisto determinado propriamente como o destruir absoluto; pois o poder é também o não-ser absoluto de um outro, o vazio. 0 um é igualmente o não dos muitos: tanto no nada como no um, a multiplicidade está sobressumida. Esta dialética mais alta encontramo-la em Platão, em seu Parmênides. Aqui isto surge apenas referido a algumas determinações não com referência às determinações do um e do ser mesmo.
A consciência mais alta é a consciência sobre a nulidade do ser enquanto algo determinado em face do nada; isto se dá, parte em Heráclito e, então, nos sofistas; com isto não permanece verdade alguma, ser-em-si, mas apenas o ser para o outro é, ou seja, a certeza da consciência individual e a certeza como refutação - o lado negativo da dialética.



2) Já lembramos que também encontramos a verdadeira dialética objetiva igualmente em Zenão.
Zenão possui o aspecto importante de ser o descobridor da dialética: se não é ele propriamente, no que vimos, o descobridor da dialética em sua plenitude, ao menos é quem está em seu começo; pois ele nega predicados que se opõem. Portanto, Xenófanes, Parmênides, Zenão põem como fundamento a proposição: Nada é nada, o nada não é, ou o igual (como diz Melisso) é a essência; isto é, eles afirmam um dos predicados que se opõem, como a essência. Eles põem-no fixamente; onde encontram, numa determinação, o oposto, suprimem com isto essa determinação. Mas, assim, esta somente se suprime através de um outro, através de minha afirmação, através da distinção que faço de que um lado é o verdadeiro, o outro sem importância (nulo) (parte-se de uma determinada proposição); sua nulidade não aparece nela mesma, não de maneira que se suprima a si mesma, isto é, que contenha em si uma contradição. Como movimento: Verifiquei algo e vejo que é o nulo; demonstrei isto, segundo o pressuposto, no movimento; conclui-se, portanto, que ele é o nulo. Mas uma outra consciência não verifica aquilo; eu declaro isto como imediatamente verdadeiro; a outra consciência tem razão em afirmar uma outra: coisa como imediatamente verdadeira, por exemplo, o movimento. Como sempre é o caso quando um sistema filosófico refuta o outro, o primeiro sistema é posto como fundamento e a partir dele se entra em debate contra o outro. Assim a coisa é facilitada: "O outro sistema não possui verdade, porque não concorda com o meu"; mas o outro sistema tem o mesmo direito de dizer assim. Eu não devo demonstrar sua não-ver dade através de um outro, mas em si mesmo. De nada ajuda demonstrar meu sistema ou minha proposição e então concluir: portanto, o sistema que se opõe está errado; para esta proposição aquela sempre parecerá algo de estranho, algo exterior. O falso não deve ser apresentado corno falso porque o oposto é verdadeiro, mas em si mesmo.


Esta convicção racional vemos despertar em Zenão. No Parmênides de Platão (127-128), esta dialética é muito bem descrita. Platão fá-lo falar assim sobre isto: faz Sócrates dizer que Zenão afirma em seu escrito o mesmo que Parmênides, isto é, que tudo é um: mas que nos procura enganar com uma expressão, procurando dar a impressão de que está dizendo algo de novo. Sócrates diz que Parmênides afirma em seu poema que tudo é um: Zenão, pelo contrário, que o múltiplo não é. Zenão responde que escreveu isto, antes contra aqueles que procuram tornar ridícula (komodeiñ) a proposição de Parmênides, quando mostram quantas coisas ridículas e que contradições contra si mesmos resultam de suas afirmações. Diz que combateu aqueles que afirmam o ser do múltiplo, para demonstrar que disto resultariam muito mais coisas discordantes que da proposição de Parmênides.
Isto é a determinação mais exata da dialética objetiva. Nesta dialética não vemos afirmar-se o pensamento simples para si mesmo, mas, fortalecido, levar a guerra para território inimigo. Este lado possui a dialética na consciência de Zenão; mas ela deve ser considerada também de seu lado positivo. Conforme a representação corrente da ciência, em que proposições são resultado da demonstração, é a demonstração o movimento da convicção, ligação através de mediação. A dialética como tal é :

a) dialética exterior, este movimento distinto do compreender deste movimento;

b) não é um movimento apenas de nossa intuição, mas a partir da coisa mesma, isto é, demonstrada para o puro conceito do conteúdo. Aquela dialética é uma mania de contemplar objetos, de neles apontar razões e aspectos, através dos quais se torna vacilante o que em geral vale como firme. Podem ser então razões bem exteriores. A outra dialética, porém, é a consideração imanente do objeto: ele é tomado para si, sem pressuposições, idéia, dever-ser, não segundo circunstâncias exteriores, leis, razões. A gente se põe inteiramente dentro da coisa, considera o objeto em si mesmo e o toma segundo as determinações que possui. Nesta consideração, ele se demonstra a si mesmo, mostra que possui determinações opostas, que se suprime (sobressume): esta dialética encontramos precipuamente junto aos antigos. A dialética subjetiva, que raciocina, baseando-se em razões exteriores, torna-se norma quando se concede: "No correto está o incorreto e no falso também o verdadeiro". A dialética verdadeira não deixa nada sobrando em seu objeto, de tal modo que apresentaria falhas apenas de um lado; mas ele se dissolve segundo sua natureza inteira. 0 resultado desta dialética é zero, o negativo; o afirmativo que nela se esconde ainda não aparece. A esta dialética verdadeira pode juntar-se o que os eleatas fizeram. Mas junto a eles ainda não vingou a determinação, a essência do com-preender; ficaram parados na idéia de que através da contradição o objeto se torna nulo.

A dialética da matéria de Zenão não foi até hoje ainda refutada; não se conseguiu ainda passar além dela e a questão fica esquecida no indeterminado. "Ele demonstra que, quando é o múltiplo, então é grande e pequeno: grande, assim o múltiplo é infinito, segundo a grandeza" (tò mégethos), deve-se ultrapassar a multiplicidade, enquanto limite indiferente, para passar para o infinito; o que é infinito não é mais grande, nem mais múltiplo; infinito é o negativo do múltiplo; "pequeno, de maneira que não tem mais grandeza", átomos, o não-ente. "Aqui mostra ele que o que não tem tamanho, nem espessura, nem massa (ónkos), também não é. Pois se fosse acrescentado a um outro não aumentaria a este; pois, se não tem tamanho e grandeza, nada poderia acrescentar ao tamanho do outro; assim o que foi acrescentado não é nada. O mesmo aconteceria ao ser retirado; o outro não seria por isso diminuído; não é, portanto, nada".
Os aspectos mais exatos desta dialética nos conservou Aristóteles; o movimento foi tratado particularmente por Zenão, de maneira objetiva e dialética. Mas o caráter exaustivo que vemos no Parmênides de Platão não Ihe corresponde. Vemos desaparecer para a consciência de Zenão o simples pensamento imóvel para tornar-se ele mesmo movimento pensante; na medida em que combate o movimento sensível, ele o dá a si. O fato de a dialética ter tido atraída sua atenção primeiro para o movimento é a razão de a dialética mesma ser este movimento ou o movimento mesmo ser a dialética de todo ente. A coisa tem. enquanto se move, sua dialética mesma em si, e o movimento é: tornar-se outro, sobressumir-se. Aristóteles afirma que Zenão teria negado o movimento pelo fato de possuir contradição interna. Mas não se deve entender isto assim como se o movimento não fosse - como nós dizemos, não há elefantes, não há rinocerontes. Que o movimento existe, que ele é fenômeno, isto nem está em questão; o movimento possui certeza sensível, como existem elefantes. Neste sentido, Zenão nem teve a idéia de negar o movimento. Pelo contrário, seu questionar vai em busca de sua verdade; mas o movimento é não verdadeiro, pois ele é contradição. Com isto quer ele dizer que não se Ihe deveria atribuir verdadeiro ser. Zenão mostra então que a representação do movimento contém uma contradição e apresenta quatro modos de refutação do movimento. Os argumentos repousam sobre a infinita divisão do espaço e do tempo.


1) Primeira forma:

Zenão diz que o movimento não tem verdade alguma, porque o movido deveria atingir primeiro a metade do espaço como sua meta. Aristóteles diz isto de maneira tão breve por ter tratado antes amplamente o objeto e tê-lo exposto detidamente. Isto deve ser compreendido de maneira mais universal; é pressuposta a continuidade do espaço. O que se move deve atingir uma determinada meta; este caminho é um todo. Para percorrer o todo, o que é movido deve antes ter percorrido a metade. Agora a meta é o fim desta metade. Mas esta metade é novamente um todo, este espaço possui assim uma metade; deve, portanto, ter atingido antes a metade desta metade, e assim até o infinito. Zenão toca aqui na divisibilidade infinita do espaço. Pelo fato de espaço e tempo serem absolutamente contínuos, nunca se pode parar com a divisão. Cada grandeza - e cada tempo e espaço sempre tem uma grandeza - é novamente divisível em duas metades; estas devem ser percorridas e, mesmo onde colocamos um espaço o menor possível, sempre surge este mesmo estado de coisas. O movimento que seria o percurso destes momentos infinitos nunca termina; portanto, o que é movido nunca atinge sua meta.
É conhecido como Diógenes de Sínope, o Cínico, refutou tais provas da contradição do movimento, de maneira muito simples; levantou-se em silêncio e caminhou de cá para lá - ele as refutou pela ação. Mas a estória é continuada também assim: a um aluno que se contentara com esta refutação, Diógenes o castigou pela simples razão de que, se o professor havia discutido com argumentos, ele só poderia deixar valer uma refutação também com argumentos. Da mesma maneira a gente não deve satisfazer-se com a certeza sensível; mas é preciso compreender.
Vemos aqui desenvolvido o infinito aparecer. primeiro em sua contradição - uma consciência dele. O movimento, o puro aparecer em si mesmo é o objeto e surge como um pensado, um posto segundo sua essência, a saber, (consideramos a forma dos momentos) em suas diferenças da pura igualdade consigo mesmo e da pura negatividade - do ponto contra a continuidade. Na nossa representação não parece contraditório que o ponto no espaço ou, do mesmo modo, o momento no tempo contínuo seja posto ou que seja afirmado o agora do tempo como uma continuidade, uma duração (dia, ano); mas seu conceito contradiz-se a si mesmo. A igualdade consigo mesmo, a continuidade é absoluta homogeneidade, é eliminação de toda diferença, de todo negativo, de todo ser para si; o ponto é, pelo contrário, o puro ser para si, o absoluto distinguir-se e a supressão de toda igualdade e homogeneidade com outro. Mas estes dois estão postos numa unidade, no espaço e no tempo, espaço e tempo, portanto, a contradição. O mais fácil é mostrá-la no movimento; pois, no movimento, o oposto é também posto para a representação. Pois o movimento e a essência, a realidade do tempo e do espaço; e, enquanto esta aparece, é posta, também é posto já o fenômeno da contradição. É para esta contradição que Zenão chama a atenção.
É a continuidade de um espaço, é o positivo que é posto; e nele o limite que o divide ao meio. Mas o limite que divide ao meio não é limite absoluto ou em si e para si, mas é algo limitado, é novamente continuidade. Mas esta continuidade também novamente nada é de absoluto, mas põe o oposto nela - limite que divide ao meio; mas com isto novamente não é posto o limite da continuidade, a metade ainda é continuidade e assim até o infinito. Até o infinito - com isto nos representamos um além, que não pode ser atingido, fora da representação que não pode atingi-lo. É um inacabado ultrapassar, mas presente no conceito - um passar além de uma determinação oposta para outra, de continuidade para negatividade, de negatividade para continuidade; elas estão diante de nós. Destes dois momentos pode, no processo, ser afirmado um deles como o essencial. Primeiro Zenão põe o progresso contínuo de maneira tal que não se atinge nada igual a si, um determinado - nenhum espaço limitado, portanto, continuidade; ou Zenão afirma o avanço neste limitar.
A resposta geral e a solução de Aristóteles é que espaço e tempo não são divididos infinitamente, mas apenas divisíveis. Parece, entretanto, que, enquanto são divisíveis (potentia, dynámei, não actu, energeía), também devem estar efetivamente divididos infinitamente; pois, de outro modo, não poderiam ser divididos ao infinito - uma resposta geral para a representação.



2) "O segundo argumento"

(que também é pressuposição da continuidade e posição da divisão) chama-se "argumento de Aquiles", o homem dos pés velozes. Os antigos gostavam de vestir as dificuldades com representações sensíveis. De dois corpos que se movem numa direção, dos quais um está na frente e outro o segue numa determinada distância, movendo-se, porém, mais rapidamente que aquele, sabemos que o segundo alcançará o primeiro. Zenão, porém, diz: "O mais vagaroso nunca poderá ser alcançado nem mesmo pelo mais rápido"; e isto ele demonstra assim: o que segue necessita de uma determinada parte do tempo para "alcançar o lugar de onde partiu o que está em fuga", no começo desta determinada parte do tempo. Durante o tempo em que o segundo atingiu o ponto onde o primeiro se achava, este já avançou para mais longe, deixou atrás de si novo espaço que o segundo novamente deverá percorrer numa parte desta parte do tempo; e assim se vai até o infinito. B percorre numa hora duas milhas, A, no mesmo tempo, uma milha. Se estão separados entre si por duas milhas, então B chegou numa hora onde A estava no começo da hora. Mas o espaço (uma milha), vencido por A, será percorrido por Bna metade de uma hora, e assim ao infinito. Desta maneira, o movimento mais rápido nada ajuda ao segundo corpo para percorrer o espaço intermediário que o separa do outro; o tempo de que necessita, também o mais vagaroso sempre tem à sua disposição, e "com isto ele já sempre conseguiu uma vantagem".
Aristóteles, que trata disto, diz brevemente sobre o mesmo: "Este argumento representa a mesma divisão infinita'' ou o infinito ser dividido através do movimento. "É algo não verdadeiro; pois o rápido, contudo, alcançará o vagaroso, se Ihe for permitido ultrapassar o limite, o limitado." A resposta é correta e contém tudo. Nesta representação são admitidos dois pontos de tempo e dois de espaço que estão separados entre si - isto é, são limitados, são limites um para o outro. Se, ao contrário, se admite que tempo e espaço são contínuos, de maneira tal que dois pontos do tempo ou dois pontos de espaço se relacionam entre si de maneira contínua, então eles são, igualmente, na medida em que são dois também não dois - são idênticos.
Zenão apenas faz valer o limite, a divisão, o momento da separação de espaço e tempo em sua total determinação; por isto surge a contradição. O que gera a dificuldade sempre é o pensamento, porque separa em sua distinção aqueles momentos de um objeto, na realidade unidos. 0 pensamento produziu a queda original, quando o homem comeu da árvore do conhecimento do bem e do mal; mas também ressarce este prejuízo. É uma dificuldade superar o pensamento e é somente ele que causa esta dificuldade.



3) "O terceiro argumento"

tem a forma que Zenão descreve assim: "A flecha em vôo repousa", e isto porque "o que se move sempre está no mesmo agora" e no aqui igual a si mesmo, no "não-distinguível" (en tõ nyn, katà tò íson); ele está aqui, e aqui e aqui. Assim que dizemos que sempre é o mesmo; a isto, porém, não chamamos movimento, mas repouso: o que sempre está no aqui e agora, repousa. Ou deve-se dizer da flecha que sempre está no mesmo espaço e no mesmo tempo; não consegue ultrapassar seu espaço, não conquista um outro espaço, isto é, um espaço maior ou menor. Aqui o tornar-se outro foi sobressumido; o ser limitado é posto como tal, mas o limitar é, contudo, um momento. No aqui agora como tais, não há diferença. No espaço, um ponto é tão bem um aqui como o outro, isto aqui e isto aqui e mais um outro, etc.; e, contudo, o aqui é sempre o mesmo aqui; não são distintos entre si. A continuidade, a igualdade do aqui e afirmada aqui contra a opinião da diferença. Cada lugar é lugar diferente - portanto, o mesmo; a diferença é apenas aparente. Não é neste estado de coisas. mas no mundo do espirito que se manifesta a verdadeira e objetiva diferença.
Isto acontece também na mecânica: pergunta-se qual se move de dois corpos. Para determinar qual deles se move é preciso mais de dois lugares, ao menos três. Mas uma coisa é correta: o movimento é absolutamente relativo; se, no espaço absoluto, por exemplo, o olho repousa ou se move, é inteiramente o mesmo. Ou, conforme uma proposição de Newton: se dois corpos giram, em círculo, um em torno do outro, surge a pergunta se um repousa ou se ambos se movem. Newton quer decidir isto por uma circunstância exterior, os fios estendidos (tensio filorum). Se num navio caminho na direção oposta da direção em que se move o navio, o mover-me é movimento com relação ao navio, mas repouso com relação a outra coisa.
Nos dois primeiros argumentos a continuidade no avançar é o que predomina: não existe limite absoluto, nem espaço limitado, mas apenas continuidade absoluta, transgredir todos os limites. No argumento agora em questão é retido o aspecto inverso, a saber, o absoluto ser-limitado, a interrupção da continuidade, nenhuma passagem para outro. Sobre este terceiro argumento diz Aristóteles que ele se origina do fato de se aceitar que o tempo consiste de "agoras"; pois, se não se concede isto, não se pode tirar a conclusão a que Zenão chegou.


4) "O quarto argumento"
e tomado de corpos iguais que se movem no estádio ao lado de um igual, com velocidade igual, um a partir do fim do estádio, o outro a partir do meio, um em direção do outro; disto se deveria concluir que a metade do tempo é igual ao dobro. O erro da conclusão consiste no fato de admitir que, no que se move e no que está em repouso, a coisa percorre uma mesma extensão em tempo igual, com velocidade igual; isto, porém, é falso.
Esta quarta forma diz respeito à contradição no movimento oposto. A oposição possui aqui uma outra forma:


a) mas também novamente o universo, o comum, que deve ser atribuído inteiramente a cada parte, enquanto realiza para si apenas uma parte;


b) é apenas posto como verdadeiro (como sendo) o que cada parte faz para si. Aqui a distância de um corpo é a soma do afastar se de ambos; é o que acontece quando caminho dois pés para o leste e outro, partindo do mesmo ponto, caminha dois pés para o oeste; assim estamos distantes um do outro quatro pés - aqui ambos devem ser somados; na distância de ambos, ambos são positivos. Ou avancei e retrocedi dois pés - no mesmo ponto; ainda que tenha andado quatro pés, não saí do ponto em que estava. 0 movimento é, portanto, nulo; pois pelo movimento de ir para frente e para trás há aqui coisas opostas que se suprimem.
Isto é então a dialética de Zenão. Ele captou as determinações que contém nossa representação do espaço e tempo; ele as tinha em sua consciência e nelas mostra o aspecto contraditório. As antinomias de Kant nada mais são do que aquilo que Zenão aqui já fizera.


O elemento universal da dialética, a proposição universal da escola eleática foi, portanto: "0 verdadeiro é apenas o um, todo o resto é não-verdadeiro"; como a filosofia kantiana chegou ao resultado: "Conhecemos apenas fenômenos". No todo é o mesmo princípio: "O conteúdo da consciência é apenas um fenômeno, nada verdadeiro"; mas nisto também reside uma diferença. Pois Zenão e os Eleatas afirmaram sua proposição com a seguinte significação: "O mundo sensível é em si mesmo apenas mundo fenomenal, com suas formas infinitamente diversas - este lado não possui verdade em si mesmo". Nào é, porém, isto que pensa Kant. Ele afirma: Voltando-se para o mundo, quando o pensamento se dirige para o mundo exterior (para o pensamento também o mundo dado no interior é algo exterior), voltando-se para ele, fazemos dele um fenômeno; é a atividade de nosso pensamento que atribui ao exterior tantas determinações: o sensível, determinações da reflexão, etc. Só nosso conhecimento é fenômeno, o mundo é em si absolutamente verdadeiro; só nossa aplicação, nosso acréscimo o arruína para nós; o que acrescentamos, nada vale. O mundo torna-se não-verdadeiro pelo fato de Ihe jogarmos em cima uma massa de determinações. Isto é então a grande diferença. Este conteúdo também é nulo em Zenão; mas, em Kant, porque é obra nossa. Em Kant é o elemento espiritual que arruína o mundo; segundo Zenão, é o mundo, o que aparece em si que é não-verdadeiro. Segundo Kant, é nosso pensar, a atividade de nosso espírito o elemento mau - é uma enorme humildade do espírito não ter confiança no conhecimento. Na Bíblia diz Cristo: "Pois não sois melhores que os pardais?" Nós o somos enquanto pensamos - enquanto seres sensíveis, tão bons ou tão maus como os pardais. O sentido da dialética de Zenão possui maior objetividade que esta dialética moderna. A dialética de Zenão ainda se conteve nos limites da metafísica: mais tarde, com os sofistas, tornou se universal.

citações de poetas pagãos em Paulo


ALGUMAS DAS CITAÇÕES “PAGÃS” USADAS POR PAULO:
1)At.17:18-28: E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição. Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisasestranhas, queremos saber o que vem a ser isso. Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades. Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração.

·“Como alguns dos vossos poetas têm dito” – Paulo sabia que os atenienses não conheciam o Antigo Testamento. Assim, para alcançar a platéia fez uso de seus próprios poetas. Embora aquelas palavras se referissem a Zeus, o chefe dos deuses gregos, Paulo aplica as citações ao Deus Vivo dos Céus. Nesse trecho Paulo faz uso de três deles: EpimênidesCleanto e Arato.

·“...Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos”citação da obra “Cretica”, do poeta Epimênides (600 a.C.), natural de Cnossos, em Creta. Era conhecido por suas predições e sabedoria. Escreveu oráculos e poemas de cunho mitológico e teológico.

·“...Porque dele também somos geração...”, citação das obras de Cleanto e de Arato, as quais possuíam similaridade extremo à que aqui vemos invocada.
üCleanto, o filósofo estóico grego (331-233 a.C.), em seu poema “Hino a Zeus”, tem uma linha similar em extremos à que aqui vemos citada:
Mais glorioso dos imortais, de muitos nomes,
Todo-poderoso e para sempre, tu, ó Zeus,
Soberano da natureza, e que guias com tua mão
Tudo quanto existe, saudamos com louvores. Justo
É que os mortais te invoquem em harmonia,
Pois somos tua geração, e nós somente,
De tudo quanto vive e se move sobre a terra,
Recebemos o dom da linguagem imitativa.

üArato, poeta originário de Soli, uma cidade pertencente à própria província de CilíciaArato viveu em cerca de 300 a.C (315-240 a.C). A linha citada foi extraída de seu poema didático chamado “Fenômenos”, que foi composto a fim de relatar os fatos principais da ciência astronômica e meteorológica, conforme os conhecimentos da época. Esse poema tem início com uma invocação Zeus, e é exatamente essa invocação que encerra a linha citada por Paulo:
De Zeus começa; jamais deixemos
De amar seu nome. Com ele, Zeus, estão cheios
Todos os caminhos que palmilhamos, e todos os negócios dos homens;
Enche “ele” também o mar, todo o ribeiro e baía;
E todos, em tudo, precisamos da ajuda de Zeus,
Pois também somos sua geração (Fenômenos, 1-5)

2)Co.15:33: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.

·“as más conversações corrompem os bons costumes” –  Essa citação de Paulo foi extraída da comédia grega de Menandro, da obra “Thais”.

üMenandro (300 a.C.), cujos escritos, os coríntios conheciam, foi um autor pagão, cujas citações circulavam verbalmente entre muitos.

3)Tt.1:12: “Foi mesmo, dentre eles, seu próprio profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos. Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé.

üEpimênides, mais uma citação desse poeta pagão, conhecido por suas predições e sabedoria. Escreveu oráculos e poemas de cunho mitológico e teológico.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

o Areópago

O Areópago era um celebre tribunal de Atenas que funcionava numa colina consagrada a Marte, de onde o seu nome.A principio, não tomava conhecimento senão dos crimes capitais e foi ele, dizem, que primeiro aplicou a pena de morte.
Solon (594 a.C) aumentou consideravelmente as suas atribuições, e os areopagitas  foram chamados a punir o roubo,a impiedade a imoralidade; a reprimir o luxo, a preguiça, a mendicância; a velar pela educação das crianças e até penetrar no lar doméstico para dele banir a discórdia e assegurar-se da legitimidade dos meios de vida de cada cidadão.
Esse tribunal supremo foi ao mesmo tempo o principal corpo político de Atenas, não contando senão magistrados virtuosos, animados dum grande espírito de sabedoria, de imparcialidade e de equidade, o que lhe valeu imensa reputação.
Foi ele que condenou Demosthenes (324 a.C); foi diante dele que Eschylo, seguindo nisso a tradição, fez comparecer Orestes, acusado de assassínio de sua mãe Clytemnestra, e advogando a sua causa diante de Atena.
A processualidade nesse tribunal era de rigorosa simplicidade. A reunião era ao ar livre e á noite. Assim, o acusado não se intimidava com a sua imponente gravidade, e os juízes não eram influenciados pelas lagrimas e arrependimento. Afim de que os ouvidos fossem preservados como os olhos, nenhum artifício oratório era permitido para enternecer ou comover. A princípio, os acusados defendiam a própria causa. Mais tarde, e pra suprir a insuficiência dos seus meios, foi-lhes permitido tomarem defensores, mas estes deviam limitar-se a expor simplesmente os fatos sem apelar para comiseração e a piedade.
A integridade desse tribunal era tal que nunca, até a sua decadência, foi suspeitada. Nunca um acusado murmurou contra as suas sentenças.
A partir de Péricles (499-429 a.C), o Areópago foi constituído por 31 membros, antigos arcontes, encarregados do julgamento das causas criminais mais graves.

Em Atenas, a organização do arcontado, estabelecido depois da morte de Codro é o indício da vitória dos nobres e das famílias ricas sobre os reis; em breve, porém, a instituição tomou um feição mais democrática. O arcontado, a principio hereditário e vitalício, tornou-se decenal (752 a.C) e dentro em pouco (683 a.C), os poderes confiados a um único arconte foram concedidos a nove magistrados de nomeação anual.O primeiro, ou arconte aponimo, dava o nome ao ano civil;o segundo ou arconte rei, desempenhava as funções religiosas dos antigos reis; o terceiro, ou arconte polemarco, exercia o comando dos exércitos;os seis últimos, ou arcontes  tesmotétas, preparavam as leis e velavam pela sua execução. O arcontado que, depois da constituição de Clístenes (510 a.C), se tornou principalmente uma função honorifica, subsistiu durante muito tempo ainda, fazendo-se menção dos arcontes até ao século V da nossa era Portanto recapitulando, o areópago era o nome de um monte rochoso e estéril, a noroeste da Acrópole na antiga Atenas, indicando que o monte era dedicado a Ares, o deus da guerra (Marte para os romanos) e, por isso, traduzido por “Monte de Marte” (At 17:22). A cordilheira de pedra calcária, elevando-se a cerca de 15 a 18 metros acima do vale onde se situam o Areópago e a Acrópole, situa-se a 113 metros acima do mar. Na altura em que era um reino, foi sede da corte suprema de justiça, que tinha jurisdição para julgar certos crimes, incluindo ofensas religiosas. O estatuto legal e a autoridade deste Conselho do Areópago nem sempre foi o mesmo em toda a história de Atenas mas, sob administração romana, tornou-se mais poderoso do que alguma vez o fora. Entre os poderes que tinha, encontravam-se o licenciamento de professores e o controlo da educação. Manteve-se em exercício até ao ano 400 DC. O tribunal procedia aos julgamentos em Stoa Basileios, no agora, o “mercado”. Era esta a sua sede oficial e era ali que se situavam as suas repartições administrativas. As sentenças, contudo, eram pronunciadas a partir do monte, para onde e com esse propósito o tribunal adiava as suas sessões.
Os comentaristas têm sugerido que Lucas, ao declarar que Paulo se encontrava “no meio do Areópago” (At 17:19), quereria dizer que o apóstolo terá sido levado até lá para defender os seus ensinos. Comentou-se que: 1) Paulo foi levado até ao monte para que, daquele elevado lugar, as pessoas o pudessem perceber melhor do que se ele tivesse ficado no agora cheio de gente; 2) Paulo foi levado perante o Concílio do Areópago, em Stoa Basileios, uma vez que os filósofos desejavam atribuir um maior significado ao discurso de Paulo e que lhe não seria dado se o apóstolo o pronunciasse no mercado aberto. Este ponte de vista foi proposto, pela primeira vez, por E. Curtis em Paulo em Atenas e 3) Paulo teria que ser examinado por este corpo de filósofos, em Stoa Basileios, antes de lhe poder ser atribuída uma licença que o habilitaria a ser reconhecido como professor estrangeiro. Esta última posição foi sustentada por Sir William Ramsay. Não será fácil provar que se deu uma mudança de local - do agora para o Areópago - e os pontos de vista de Curtis e Ramsay não obtiveram grandes apoios porque o que se passou não envolvia qualquer procedimento legal e os filósofos daquele tempo não se mostraram muito impressionados com o apóstolo. O mais forte argumento a favor da posição que diz que Paulo proferiu o seu discurso no monte sob a Acrópole e não na Câmara do Concílio, no agora, é a frase do versículo 19, que diz que eles o trouxeram epi ton Areion pagon e em que epi significará “sobre” e não “em” ou “dentro de”. Deste modo, o primeiro dos três pontos de vista mencionados poderá ser considerado como o mais plausível.

estudos em Atos


AUTOR:  Diferentemente das epístolas de Paulo, ao Atos não mencionam seu autor. O emprego do pronome pessoal "eu", na frase inicial, é evidência de que os primeiros destinatários sabiam de quem partia o livro. A partir de segundo século em diante seu autor tem sido identificado com Lucas; de quem pouco se sabe a respeito. É mencionado seu nome só três vezes no Novo Testamento. Diz-se que ele era natural de Antioquia, outros afirmam ser ele de Filipos. Homem de cultura e erudição científica, versado nos clássicos hebraicos e gregos. É possível que tivesse estudado na Universidade de Atenas.
A sua presença em alguns dos acontecimentos por ele historiados, é indicada de modo velado mediante  a transição da terceira pessoa para a primeira pessoa do plural em sua narrativa; em três oportunidades em que aparece o "nós" no livro de Atos são 16:10-17; 20:5-21:18; 27:1-28:16.
A data em que foi escrito é cerca de 63 d.C., possivelmente enquanto Paulo estava preso em Cesaréia (24:27).
PROPÓSITO:  Esta obra foi levada a efeito a fim de que certo Teófilo distinto cidadão romano, talvez da Grécia (segundo alguns teólogos, ele na verdade era cidadão romano sim), pudesse contar com um relato consecutivo e digno de confiança sobre o levantamento e progresso do Cristianismo, assunto sobre o qual ele já possuía certa informação. Nada se sabe dele, a não ser que dois dos mais importantes livros do Novo Testamento lhe foram dedicados.
Nesta narrativa o tema dominante do livro é a atividade do Espírito Santo. Bem que o livro poderia ser chamado de  "Atos do Espírito Santo", pois é  o Espírito que controla em todos os lugares o progresso do Evangelho; ele guia os movimentos dos pregadores, como por exemplo, Filipe (8:29, 39);  Pedro (10:19 e ss); Ele orienta a Igreja de Antioquia a enviar Barnabé e Saulo para o serviço mais externo para o qual Ele mesmo os chamou (13:2); Ele fala por meio de profetas (11:28; 20:23; 21:4,11);  Ele é que antes de mais ninguém nomeia os anciãos de uma igreja para que cuidem dela espiritualmente (20:28); Ele é a principal testemunha sobre a verdade do Evangelho (5:32).
As manifestações sobrenaturais que acompanham a propagação do Evangelho, significam não só a atividade do Espírito, mas também a inauguração de uma nova era na qual Jesus reina como Senhor e Messias.
A cronologia do livro não é exata, pois não há dados bastantes, porém o seguinte pode ser considerado como um esquema provável de datas, mais ou menos correto, com margem de erro de dois ou três anos.
A fundação da Igreja em Jerusalém, 30 ou 33 d.C.
O apedrejamento de Estêvão e dispersão da Igreja, 31 ou  33 d.C.
A conversão de Saulo, 32 ou 35 d.C.
A primeira visita de Paulo a Jerusalém depois da conversão, 34 ou 35 d.C.
A conversão de Cornélio, entre 35 e 40 d.C.
A fundação da Igreja gentílica em Antioquia, 43 d.C.
A segunda visita de Paulo a Jerusalém, 44 d.C.
O Concílio de Jerusalém, 48 ou 50 d.C.
A segunda viagem missionária de Paulo, Grécia, 48-51 ou 50-53 d.C.
A terceira viagem missionária de Paulo, Éfeso, 53 ou 54-57 d.C.
Paulo chega a Éfeso, 54 d.C.
Paulo deixa Éfeso, junho, (I  Co 16:8 ), 57 d.C.
Paulo na Macedônia, verão e outono, (I Co 16:5-8), 57 d.C.
Paulo em Corinto, três meses,  (At 20;2-3 ), inverno, 57-58 d.C.
Paulo deixa Filipos, abril, (At 20:6 ), 58 d.C.
Paulo chega em Jerusalém, junho, (At 20:16 ), 58 ou 59 d.C.
Paulo em Cesaréia, verão, 58 ou 59 d.C. ao outono 60 ou 61 d.C.
Viagem de Paulo a Roma, inverno 60-61 ou 61-62 d.C.
Paulo em Roma 61-63 ou 62-64 d.C.

Há neste livro o trabalho influente de dois apóstolos que foi fundamental para a propagação do Cristianismo além dos limites de Jerusalém (1:8). Um deles com a incumbência de testemunhar aos judeus, o outro aos gentios. São eles respectivamente Pedro e Paulo. O primeiro em apenas dois discursos conseguiu atrair milhares de seguidores para a nova fé que se inaugurava. O outro, não encontrou empecilhos para sair em viagens missionárias, testificando, ensinando e pregando o Evangelho de Cristo ressuscitado.
O primeiro discurso de Pedro teve lugar no dia de Pentecostes. O espetáculo espantoso de apóstolos falando, sob a influência das línguas de fogo, nas línguas de todas as nações presentes em Jerusalém, isto, segundo a explicação de Pedro vs. 15-21, era o cumprimento da profecia registrada em Jl 2:28-32. O que aconteceu naquele dia não foi o cumprimento total e final daquela profecia, aquilo foi apenas o começo de uma era grandiosa e notável que foi iniciada, a profecia certamente aponta para todo o seu cumprimento em nossos dias.
No dia de Pentecostes, o som como de vento impetuoso reuniu as multidões atônitas. Isto deu para Pedro um vasto auditório para sua primeira proclamação pública do Evangelho. Parece que em seu segundo sermão algum tempo já se passara; as multidões da época de Pentecostes já voltaram para a casa. O povo já estava mais calmo. Os apóstolos estavam ocupados em instruir os crentes e em operar milagres, (2:42-47). E agora, um milagre notável, a cura de um coxo, bem à porta do Templo, um caso conhecido à cidade inteira, mais uma vez emocionou à cidade. E perante a multidão assombrada, Pedro atribuiu a cura ao poder de Cristo ressuscitado. E isto fez o número de crentes chegar a atingir cinco mil homens (4:4), enquanto pregava mais uma vez a história do Evangelho.
Vemos a seguir o ministério de Saulo tornar-se evidente. Parte ele juntamente com Barnabé da Igreja de Antioquia, primeiro centro do cristianismo gentílico, de onde empreendeu a evangelização do império romano. Saulo já tinha se tornado cristão ha uns 12 ou 14 anos passados, e se tornara um líder da Igreja de Antioquia. Já chegara a hora da sua saída missionária, para levar o nome de Cristo para as partes mais longínquas do mundo gentílico, (22:21).
Traçaremos a seguir o roteiro desta primeira viagem de caráter missionário empreendida por Paulo.
Chipre - 13:4-12 - a viagem teria sido mais direta por terra, mas preferiu ele velejar ao norte para chegar no centro da Ásia Menor. Aí se converteu o governador romano, Sérgio Paulo, vendo o milagre operado através de Saulo. Saulo é daqui por diante chamado Paulo, (v. 9). A forma hebraica do seu nome era Saulo, Paulo era a forma romana.
Antioquia da Pisídia - 13:13-52 - veio logo a seguir. Ali alguns judeus creram, igualmente muitos gentios vs. 43, 48, 49. Mas os judeus que não tinham crido, levantaram uma perseguição, e expulsaram Paulo e Barnabé da cidade.
Icônio - 14:1-6 - situava-se a uns 160 Km a leste de Antioquia da Pisídia. Aí ficou "muito tempo" v. 3. Operou sinais e prodígios. Grande multidão de judeus e gentios creu. Paulo veio a ser assunto de discussão na cidade. Seus inimigos conspiraram para apedrejá-lo e ele fugiu para Listra, uns 32 Km ao sul.
Listra - 14:6-20 - aí a cura de um coxo muito impressionou a cidade. Aclamaram Paulo e Barnabé como deuses, porém mudaram de idéia e os apedrejaram. Listra era a cidade de Timóteo, (16:1). Talvez este presenciara a ocorrência, II Tm 3:11.
Derbe - 14:20,21 - expulso de Listra, Paulo dirigiu-se a Derbe, 48 Km a sudeste, onde fez muitos discípulos. Depois, com a sua costumeira coragem, voltou a Listra, Icônio e Antioquia para animar os discípulos.
Em seguida, após passar por algumas outras cidades, retornaram à Antioquia onde tinham sido recomendados (14:26).
Aproximadamente dois anos após o início da primeira viagem sentiu Paulo o desejo de visitar as igrejas que havia iniciado em sua primeira viagem (15:36). Partiu então, para a sua segunda viagem missionária, tendo como companheiro Silas (15:40), que como Paulo era judeu e cidadão romano, (16:21, 37). Silas é também chamado de Silvano; era companheiro de Paulo quando as epístolas aos tessalonicenses foram escritas, I Ts 1:1; II Ts 1:1. Levou também a primeira carta de Pedro aos seus leitores, I Pe 5:12. A seguir damos os passos desta segunda missão desenvolvida por Paulo e Silas.
Listra - 16:1-6 - em Listra, Paulo encontra Timóteo e tanto se agrada deste que o leva consigo. Timóteo tornou-se seu companheiro constante depois disso.
Trôade - 16:8-10 - Trôade estava perto da velha Tróia. Lucas como indica pela mudança da pessoa, "ele" para "nós" v. 10 viera acompanhar o grupo.
Filipos - 16:11-40 - a primeira convertida foi Lidia, negociante vinda de Tiatira. Filipos foi a primeira igreja iniciada por Paulo na Europa, uma das mais fiéis da qual recebeu ajuda financeira como gratidão pelo seu trabalho.
Tessalônica - 17:1-9 - era a maior cidade da Macedônia, 160 Km a oeste de Filipos. Aí muita gente se converteu, e seu inimigos o acusaram de "transtornar o mundo", o que não foi pequeno elogio à magnitude de sua obra.
Beréia - 17:10-14 - situava-se a 80 Km a oeste de Tessalônica. Declara-se dos bereanos que estudavam as Escrituras com muita receptividade. Aí Paulo alcançou bom êxito.
Atenas - 17:15-34 - aqui, Paulo teve a mais fria recepção. Cidade de Péricles, Sócrates, Platão, Demóstenes, durante mil anos de 500 a . C . a 500 d . C . foi o centro de filosofia, ciências e arte. Sede da maior universidade do mundo. Lugar de encontro das classes cultas do mundo; todavia estava entregue à idolatria. O discurso de Paulo no Areópago é uma das obras primas de oratória de todos os tempos, e revela sua competência no pensamento grego. Entretanto, os atenienses escarneceram da ressurreição, embora alguns cressem!
Corinto - 18:1-18 - uma das principais cidades do império romano. Aí Paulo ficou ano e meio e estabeleceu uma grande igreja, vs. 10,11.
Lemos nos capítulos 19 e 20 sobre a terceira e última viagem missionária de Paulo entre os anos 54 - 57 d. C. Finalmente, ele chegou até Éfeso, cidade que almejava visitar nas duas viagens anteriores, sem contudo poder realizá-la. Éfeso com 225.000 habitantes era a metrópole da Ásia. Era importante e magnificente, sede do culto à Diana, cujo templo era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Seu culto era impuro e vergonhoso, perpétuo festival de vício. Aí Paulo realizou o trabalho mais maravilhoso de toda sua vida. Vasta multidão de adoradores de Diana tornou-se cristã. Muitas igrejas foram fundadas ao seu redor, e ela tornou-se rapidamente o principal centro do mundo cristão. Aí residiu o apóstolo João em sua velhice. Oito livros do Novo Testamento foram aí escritos;  o evangelho de João e suas três epístolas, I Coríntios, I e II Timóteo, e o Apocalipse, provavelmente também I e II Pedro e Judas.
Em Éfeso durante três meses, Paulo ensinou na sinagoga (19:8). Depois por dois anos na escola de Tirano, v. 9, diariamente. De uma pequena saleta, Paulo abalou  uma poderosa cidade até os alicerces. Ali operou ele milagres, que uma numerosa multidão foi curada mediante lenços que tocavam o corpo do apóstolo (19:12). Foi em Éfeso também, que um grande número de mágicos se converteu, e fizeram um fogueira dos seus livros, cujo valor subiu a oito mil dólares.
Deixou o apóstolo, a cidade de Éfeso em junho (16:8), e saiu de Filipos em abril seguinte (20:6), passando quase um ano na Grécia, três meses na Acaia vs. 2-3, e o resto na Macedônia.
Quatro grandes epístolas foram produzidas neste período. I Coríntios, antes de deixar Éfeso; II Coríntios, quando na Macedônia, Gálatas mais ou menos ao mesmo tempo; e Romanos quando estava em Corinto.
Em Trôade, vs. 7-12 sete ou oito anos antes tivera a visão que o levou à Macedônia. Foi aqui depois de um longo discurso, que durou quase toda a noite, que um jovem adormeceu vindo a cair da janela de onde ouvia o apóstolo, e foi miraculosamente ressuscitado por ele
No capítulo 20:17-38 Paulo finalmente se despede dos anciãos de Éfeso com palavras de grande ternura.
Este foi o final do período das três viagens missionárias, num total de uns 12 anos, entre 46 e 59 d.C. Poderosos centros cristãos tinham sido implantados em quase cada cidade da Ásia Menor e da Grécia, no coração do mundo civilizado de então.
ESBOÇO PARA ESTUDO
(   )  AGUARDANDO O PODER DO ESPÍRITO SANTO,  1:1-26 - a ordem era permanecer em Jerusalém, até que a promessa fosse cumprida. Ao voltarem ao cenáculo após a ascensão do Senhor, Pedro declarou a necessidade da escolha do substituto de Judas, cuja escolha recaiu sobre Matias.
(   ) A  VINDA DO PODER DO ESPÍRITO SANTO,  2:1-47 - na data prevista pelo Senhor, o Espírito Santo veio sobre o grupo perseverante, que aguardava a promessa. Foram possuídos pelo Espírito, e Pedro se levantou e explicou o significado daquele fenômeno, e naquela oportunidade três mil seguidores se ajuntaram aos apóstolos e à Igreja recém inaugurada.
PRIMEIROS DIAS DA IGREJA,  3:1 - 12:25
Em Jerusalém,  3:1 - 7:60
(   )    A cura do aleijado e suas conseqüências, 3:1 - 26 - cheios do Espírito Santo, Pedro e João se dirigem ao Templo a fim de orar e realizam o primeiro milagre, curando um aleijado que jazia à porta do Templo.  O episódio proporcionou à Pedro a oportunidade de discursar novamente e falar sobre as verdades de Cristo, tudo isto levou cinco mil ouvintes a abraçarem a fé ali pregada.
(   )  Pedro e João perante o Sinédrio,  4:1 - 22 - a cura operada pelos apóstolos provocou reação imediata no meio religioso, culminando com a prisão de ambos, que em seguida são levados perante o Sinédrio e ameaçados; porém a intrepidez e a ousadia  os levam a continuarem falar daquilo que viram e ouviram a respeito do Cristo ressuscitado.
(   )  Os discípulos em seu próprio meio, 4: 23 - 37 - a prisão dos apóstolos foi motivo de glorificação a toda a comunidade. A unidade crescia entre os irmãos, e a liberalidade em contribuir com os bens era evidente entre eles.
(   )  Tribulação interna: Ananias e Safira, 5:1 - 16 - a percepção espiritual era notória entre os apóstolos, e através dela a mentira e o engano que procuravam se instalar entre a comunidade foram desmascarados, levando à morte o casal fraudador, isto provocou grande temor em toda a Igreja.
(   )  Provocando reações adversas, mas o Senhor estava com eles, 5:17 - 42 - a inveja levou a liderança religiosa a mais uma vez investir contra os apóstolos, porém a prisão não os deteve, pois de forma miraculosa foram resgatados. Os religiosos passaram a perceber que Deus estava com aqueles homens simples, pois o Espírito Santo estava neles.
(   ) Tribulação interna: a murmuração sobre as caridades, 6:1-7- o crescimento do número de seguidores provocou também distúrbios na assistência aos carentes da comunidade, surgiu daí a necessidade de pessoas comissionadas para exercerem essa tarefa; surgem então os diáconos.
(   )  Tribulação externa: o martírio de Estêvão, 6:8 - 7:60 - o testemunho destemido e  a intrepidez ao falar das verdades bíblicas custaram a Estêvão a vida, que em sua agonia final viu a glória de Deus como um conforto ao seu espirito.
Em Samaria
(   )  O Pentecostes samaritano, 8:1-25 - a perseguição contra a Igreja cresce provocando a dispersão dos discípulos. Filipe prega em Samaria, operando sinais e milagres. Pedro e João também se dirigem para ali e oraram para que os recém convertidos recebessem o Espírito Santo, através da imposição de suas mãos.
Os confins da Terra
(   ) Filipe e o etíope, 8:26 - 40 - a submissão de Filipe à ordem do Espírito Santo o levam a pregar ao eunuco na estrada de Gaza, o qual entende as Escrituras que lhes são ensinadas, crê e é batizado em seguida, e segue cheio de júbilo para sua terra. ( Diz a História da Igreja que um grande avivamento ocorreu na Etiópia por intermédio do testemunho do eunuco).
 (   )  A conversão de Saulo (Paulo) e sua preparação, 9:1 - 31 - Saulo inimigo e perseguidor declarado dos cristãos, segue para Damasco a fim de prender alguns discípulos, mas é surpreendido por uma visão, onde o próprio Senhor fala com ele. A partir daí sua vida é transformada. Adere ao cristianismo, é curado de sua cegueira, é também batizado e inicia seu trabalho de evangelização, como autêntico servo de Cristo.
Judéia: Pedro em Lida, Jope e Cesaréia, 9:32 - 11:18
(   ) Lida e Jope, 9:32 - 43 - rompendo os limites fronteiriços de Jerusalém, Pedro e opera milagres em outras cidades, tais como a cura de Enéias em Lida e a ressurreição de Dorcas em Jope; era a Palavra se cumprindo com sinais que se seguiam.
(   ) Cesaréia, 10:1 - 48 - ainda preso aos costumes judaicos, Pedro é convencido pelo Senhor, através de uma visão a manter comunhão com os gentios. Sua obediência proporcionou àqueles conhecerem a Palavra e o Espírito Santo, sendo por ele batizados nas águas e pelo Espírito Santo numa só oportunidade.
(    ) Conseqüência, 11:1 - 18 - por se unir aos gentios, Pedro é interpelado pelos demais apóstolos do por quê de tal procedimento. Este lhes expõe o que ocorrera em casa de Cornélio, e mostra-lhes que o dom de Deus também fora dado aos gentios, e não apenas aos judeus; todos receberam de bom grado aquele testemunho e glorificaram a Deus.
Os confins da Terra (continuação)  11:19 - 12:25
(   ) Antioquia, 11:19 -30 - a perseguição aos cristãos provocou-lhes a dispersão, e fugindo eles anunciavam o Evangelho por onde passavam. Em Antioquia foram chamados cristãos pela primeira vez, não mais eram considerados uma seita; era o Cristianismo que se espalhava por todo o mundo.
(   )  Perseguição por Herodes e a dispersão da Igreja em Jerusalém, 12:1 - 25 - a perseguição ceifou a vida de Tiago, morto a mando do rei Herodes. Pedro também é preso, mas é fantasticamente liberto da prisão por um anjo do Senhor; neste ínterim a Igreja reunida intercedia por sua libertação. A Palavra do Senhor, porém crescia e se multiplicava em toda parte.
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO, 13:1 - 14:28
(   ) Chipre, 13:1 - 12 - como grande orientador da Igreja, o Espírito Santo separa a Paulo e a Barnabé e estes dão início a esta viagem, pregando a Palavra e libertando o povo de suas crenças diabólicas como foi em Chipre.
(   ) Antioquia da Pisídia, 13:13 - 52 - a Palavra ministrada com autoridade e sabedoria provocava nos ouvintes o desejo de conhecer ainda mais deste ensino, em contrapartida a rejeição e a inveja provocavam a perseguição contra os apóstolos culminando com a sua expulsão daquela cidade.
(   ) Icônio, 14:1 - 7 - aqui, como nas demais cidades, a população se dividia entre a aceitação da fé e do ensino e a rejeição que se aproximou de agressão física contra os apóstolos, que tomando conhecimento desse risco que corriam, fugiram para outras cidades vizinhas.
(   ) Listra, Derbe e volta à Antioquia da Síria, 14:8 - 28 - a cura do paralítico em Listra levou a população daquela cidade a creditar tal façanha ao poder pessoal dos apóstolos, que rejeitaram veementes tal procedimento. Aqui foi Paulo agredido e tido como morto, porém o Senhor o preservou a vida, e cheio de vigor e entusiasmo seguiu sua jornada por outras cidades, retornando finalmente de onde partira, quando dera início a esta primeira viagem missionária.
(   )  O CONCÍLIO DE JERUSALÉM,  15:1 - 29 - apesar de Deus haver revelado a Pedro que os gentios deveriam ser aceitos na Igreja sem a circuncisão, e os apóstolos e anciãos estarem convencidos disto ( 11:18 ), um partido poderoso de discípulos fariseus persistia em ensinar que a circuncisão era necessária ( 15:5 ). A Igreja se dividia na questão. Deus entretanto, através do Espírito Santo levou os apóstolos a decidir unânimes formalmente que a circuncisão não era necessária aos gentios. Foi enviada uma carta, exigindo apenas, que os novos membros se abstivessem das imoralidades comuns do mundo pagão.
A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO, 15:30 - 18 :22
(   ) De  Antioquia a Trôade, 15:36 - 16:10 - nessa segunda jornada, Paulo tem como companheiro, Silas e mais tarde Timóteo. Percorreu várias cidades, tendo uma visão em Trôade, onde um macedônio lhe rogava ajuda. Imediatamente atendeu a tal solicitação, pois considerou ser ela uma direção divina.
(   ) De Trôade a Atenas, 16:11 - 17:15 - os convertidos eram muitos, bem como os milagres realizados pelos apóstolos, entretanto alguns  desses milagres provocaram reações diversas e mais uma vez eles foram presos. Em Filipos o carcereiro se converte, bem como toda a sua família. Em Tessalônica a Palavra é aceita, assim como em Beréia, onde seus moradores receberam com avidez o ensino e procuravam conferir nas Escrituras o que lhes era ministrado.
(   ) Em Atenas, 17:16 - 34 - o discurso de Paulo aqui sofreu resistência flagrante em face `a idolatria que imperava na cidade. Aqui apenas alguns poucos creram no ensino e se ajuntaram aos apóstolos.
   (   )  Em Corinto e o  retorno, 18:1 - 22 - aqui encontra-se com Áquila, se identificam profissional e espiritualmente. Teve Paulo o conforto do Senhor, para que não temesse, nem se calasse por causa da oposição que contra ele se levantou ali. Em seguida foi para Siria e finalmente para Antioquia.
A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO, 18:23 - 21:16
(   )  O Pentecostes em Éfeso, 18:23 - 19:40 - aqui, Paulo impõe as mãos sobre os irmãos, e estes recebem o Espírito Santo. Durante dois anos ensina na escola de Tirano, e a Palavra se propaga com rapidez naquela região. Ali também, se levantaram os opositores, adoradores de Diana contra o apóstolo, que pregava contra a idolatria, e grande tumulto se instalou naquela oportunidade.
(   )  Macedônia, Acaia e retorno, 20:1 - 21:26 - Partindo dali se dirigiu  à Macedônia, Grécia, Trôade e outras cidades, fortalecendo os irmãos, exortando-os a permanecerem firmes na fé.
PAULO EM VIAGEM PARA ROMA, 21:17 - 28:15
(   ) Em Jerusalém, 21:17 - 23:35 - chegando `a Jerusalém relata tudo o que Deus fizera aos gentios por intermédio de seu ministério, não tardou porém, que se levantassem os inimigos e Paulo novamente é preso. Faz entretanto, sua defesa de maneira brilhante perante centenas de atentos ouvintes. É ouvido pelo Sinédrio e pelas autoridades governamentais. O Senhor o fortalecia e o animava, para que não temesse.
Em Cesaréia, 24:1 - 26:32
(   )  Perante Félix, 24:1 - 27 - a religião e a lei se juntam para se oporem à Paulo perante o governador, Félix. Paulo apresenta sua defesa de forma convincente diante do que nada lhe pode fazer, mantendo-o, entretanto detido, tratado contudo com indulgência.
(   )  Perante Festo, 25:1 - 22 - seguindo em seu julgamento comparece agora perante Festo, que o ouve, e por nada poder alterar em sua situação apelou Paulo para César, no que foi prontamente atendido pelo governador.
(   ) Perante Agripa, 25:23 - 26:32 - diante do rei, Paulo descreve sua vida desde a infância, ate o presente momento e fala do seu chamado para servir ao Senhor Jesus. O rei fica impressionado e declara que por pouco poderia tornar-se um cristão, e desejou colocar o apóstolo em liberdade, mas não o fez porque Paulo havia apelado para César, a fim de que este também o ouvisse.
(   )  Viagem a Roma, 27:1 - 28:15 - esta viagem começou no outono de 61 d.C. e terminou na primavera de 62 d.C.  Foi feita em três navios; um de Cesaréia a Mirra; outro de Mirra a Malta; o terceiro de Malta a Poteóli. O "jejum" v. 9 foi o dia da expiação, mais ou menos no meado de setembro. Daquele tempo ao meado de novembro a navegação no Mediterrâneo era perigosa. Do meado de novembro ao primeiro de março esteve suspensa. Pouco depois de ter deixado Mirra, caíram em ventos contrários, e depois de se abrigarem em Bons Portos, se arriscaram outra vez, e foram acometidos por um tufão, que os levou longe de sua rota; depois de muitos dias, não havendo mais esperança, Deus, que dois anos antes, em Jerusalém prometera a Paulo que o levaria a Roma (23:11), mais uma vez aparece a Paulo para lhe assegurar que Sua promessa seria cumprida, (27:24). E foi.
(    ) O ministério em Roma, 28:16 -31 - Paulo passou dois anos ali, no mínimo (28:30). Apesar de ser prisioneiro tinha licença de morar numa casa alugada, com seu guarda (28:16). Tinha licença de receber visitas, e de ensinar sobre Cristo. Já havia um bom número de cristãos ali. Os dois anos que ele passou ali foram muito frutíferos, atingindo o próprio palácio (Fp 1:13; 4:22). Enquanto estava em Roma, escreveu as epístolas aos Éfésios, Filipenses, Colossenses, Filemom e possivelmente Hebreus.
ENRIQUECENDO OS CONHECIMENTOS
A Cidadania Romana de Paulo:  esta cidadania foi conferida a seu pai, talvez por algum serviço prestado ao Estado romano. Tal título era de grande importância, não fosse essa cidadania, Paulo teria sido morto ainda bem não tinha começado sua obra evangelística. Isto ilustra como Deus usa o talento humano. Nenhum dos outros apóstolos era capacitado por natureza a fazer o trabalho que Paulo fez. Muitas vezes Deus o ajudou com milagres. Em quase cada cidade foi perseguido. Muitas e muitas vezes foi acometido pelas turbas, que procuravam matá-lo. Foi surrado, açoitado, encarcerado, apedrejado, expulso de cidade em cidade. Seus sofrimentos são quase incríveis. Deve ter tido uma disposição de ferro. Só por intervenção da parte de Deus é que Paulo podia sobreviver a tudo isto.
Roma:  cidade rainha da terra. Centro de interesse histórico. Durante dois milênios ( 2 º século antes de Cristo até 18º da era cristã) foi a potência dominadora do mundo. É ainda chamada "Cidade Eterna". A população, na época era de 1.500.000 habitantes, metade dela de escravos. Capital de um império que se estendia 4.800 Km de leste a oeste, de 3.200 Km de norte a sul. População total do império; 120 milhões de habitantes.