quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os Instrumentos Musicais


Os instrumentos musicais têm acompanhado a humanidade desde
os tempos antigos.
O primeiro relato bíblico confirmando isto encontra-se no livro de
Gênesis 4.21: "O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos que tocam
harpa e flauta".
Baseado neste verso, acreditamos que  Jubal, o sexto descendente de Caim,
 foi o criador da música instrumental...
Os Instrumentos Musicais na Bíblia
SALTÉRIO - Instrumento de cordas para acompanhar a voz (Salmo 33.2;144.9).
Era uma espécie  de alaúde, semelhante à viola, mas de forma  triangular ou trapezoidal;
CÍMBALOS - Instrumentos de percussão formados por dois pratos;
ALAÚDE - Instrumento de corda, semelhante à viola.
É a tradução da  vulgar palavra hebraica nebel.
Nebel é a maior parte das vezes  traduzido pelo termo saltério.
As cordas eram tocadas com os dedos  (Isaías 5.12; 14.11; Amós 5.23; 6.5);
TAMBORINS - Pequenos tambores. Ainda hoje as mulheres do Oriente
dançam ao som do tamborim. (ver: Êxodo 15.20; 2 Samuel 6.5; Jó 21.12);
HARPA - É o mais antigo instrumento musical que se conhece, existindo
já antes do dilúvio (Gênesis 4.1). A palavra hebraica kinnor, que se
acha traduzida por harpa, significa provavelmente a lira. Os hebreus
faziam uso dela, não só para as suas devoções, mas também nos seus passatempos.
Nas suas primitivas formas parece ter sido feita de osso e da concha de tartaruga.
Que a harpa era um instrumento leve na sua
construção, claramente se vê no fato de ter Davi dançado enquanto
tocava, assim como também fizeram os levitas (1 Samuel 16.23; e 18.10).
Não era usada em ocasiões de tristeza (Jó 30.31; Salmo 137.2).

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Instrumentos menos comuns
GAITA DE FOLES - Daniel 3.5, 15
PÍFARO - Jó 21.12; Daniel 3.5
BUZINA - Jó 21.12; 30.31
TROMBETAS - Números 10.9,10; 2Cr 5.12; Isaías 27.13
CÍTARA - Daniel 3.5
PANDEIRO - 2 Samuel 6.5
TAMBOR - Gênesis 31.27; 1 Samuel 10.5
Técnica Musical é bem vista na Bíblia
1 - Cantar harmoniosamente (Salmo 47.7): "Deus é o rei de toda a
terra; salmo dia  com harmonioso cântico."
2 - Pessoas que tocam bem são sempre prioridade, primeiros da lista
(1 Samuel 17.18): "Disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um
homem que saiba tocar bem e trazei-mo. Então, respondeu um dos moços
e disse: Conheço um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é
forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras e de boa
aparência; e o Senhor é com ele".
3 - Haviam pessoas treinadas em música (I Crônicas 15.22: "Quenanias,
chefe dos levitas músicos, tinha o encargo de dirigir o canto, porque
era entendido nisso".
4 - Tocar bem ao Senhor (Salmo 33.3): "Cantai-lhe um cântico novo;
tocai bem e com júbilo"; na edição Almeida diz: "Entoai-lhe novo
cântico, tangei com arte e com júbilo".

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A HISTÓRIA DA MÚSICA NA BÍBLIA
Texto áureo:
“O nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4:21).
Introdução:
O mundo vive um momento em que todos têm experimentado a força da
qualidade. É a era da qualidade! Qualidade profissional; qualidade de vida; qualidade de ensino...
E a igreja; e o ministério de louvor, tem oferecido qualidade, primeira para Deus e depois para
o corpo? Não podemos falar em qualidade  musical sem conhecimento de causa, por isso penso que
para todos que fazem parte do ministério de louvor de sua igreja, precisam saber da história da música
na Bíblia; sua influência; aqueles que a  utilizaram; em que situações ela aparece.
Veremos algumas passagens  Bíblicas para que não sejamos
ignorantes sobre nosso  próprio ministério.
1) “E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a
tocava com a sua mão; então Saul sentia  alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno
se retirava dele” (I Sm 16:23).
Uma história muito conhecida pela maioria dos irmãos, porém, não copiada. Falo da unção de
Deus que estava sobre a vida de Davi. Era  algo impressionante. Quando um espírito maligno
perturbava o rei  Saul, Davi tocava sua linda harpa e através do poder de Deus liberado  em sua
ministração, o tal espírito batia em retirada.  Deus quer te usar na mesma dimensão espiritual e
na mesma unção que  Davi. Só depende de você. Está disposto a pagar o preço?
2) “Sucedeu, porém que, retornando eles, quando Davi voltava de ferir o filisteu, as mulheres de
todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando alegremente, com
tamboris, e com instrumentos de música” (I Sm 18:6).  Neste episódio vemos uma população que
vinha de diversas parte de Israel para saudar Davi pela vitória sobre os filisteus, e também
cantavam acompanhados de vários instrumentos musicas louvando a Deus com júbilo.
3) “E Davi, e toda a casa de Israel, tocavam perante o Senhor, com toda sorte de instrumentos de
pau de faia, como também com harpas, saltérios, tamboris, pandeiros e címbalos” (II Sm 6:5).
Aqui o que vemos é um momento de densa alegria pela reconquista da Arca de Deus.
Quando alguns levitas a traziam para a terra do povo de Deus, outros louvavam o Senhor
com grande júbilo proclamado através da harmonia de seus instrumentos.
4) “E Davi ordenou aos chefes dos levitas que designassem alguns de seus irmãos como cantores,
para tocarem com instrumentos musicais,  com alaúdes, harpas e címbalos, e levantarem a
voz com alegria” (I Cr  15:16).  A Arca de Deus significava sua forte presença.
Com a Arca em seu poder, o povo de Deus sentia-se protegidos contra seus inimigos
e muito abençoados. Aqui também a Arca está sendo o centro do júbilo dos israelitas.
5) “Quando os trombeteiros e os cantores estavam acordes em fazerem  ouvir uma só voz,
louvando ao Senhor e dando-lhe graças, e quando  levantavam a voz com trombetas, e címbalos,
e outros instrumentos de  música, e louvavam ao Senhor, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua 
benignidade dura para sempre; então se encheu duma nuvem a casa, a  saber, a casa do Senhor”,
(II Cr 5:13). Ao lermos o texto acima, ficamos imaginando que momento tremendo foi  este,
pois quando o louvor era ministrado ao Senhor, a glória de Deus  invade aquele lugar,
deixando todos os presentes bêbados do poder  divino, não agüentando parar em pés.
6) “E os homens trabalhavam fielmente na obra; e os superintendentes sobre eles eram
Jaate e Obadias, levitas, dos filhos de Merári, como também Zacarias e Mesulão, dos
filhos dos coatitas, para adiantarem a obra; e todos os levitas que eram entendidos em
instrumentos de música” (II Cr 34:12). O rei Josias foi um rei muito abençoado que andou
retamente nos caminhos do Senhor. Quebrou as estátuas de deuses estranhos, purificou e
reedificou a cada do Senhor. Na finalização desse projeto ali estavam os levitas
para com seus instrumentos louvarem a Deus, e  diga-se de passagem, os entendidos
em música.  Você estaria entre eles?
7) “Também Davi juntamente com os capitães do exército, separou para  o serviço alguns dos filhos de
Asafe, e de Hemã, e de Jedútum para  profetizarem com harpas, com alaúdes, e com címbalos.
 Este foi o  número dos homens que fizeram a obra: segundo o seu serviço” (I Cr 25:1).
O que vemos aqui é o rei Davi organizando o ministério, colocando  cada um segundo sua função.
Aqui três líderes são levantados para a direção das equipes que foram divididas em escalas e turnos.
8) “Tendo ele tomado conselho com o povo, designou os que haviam de  cantar ao Senhor e louvá-lo 
vestidos de trajes santos, ao saírem diante do exército, e dizer: Dai graças ao Senhor, porque
 a sua  benignidade dura para sempre. Ora, quando começaram a cantar e a dar louvores, o
Senhor pôs emboscadas contra os homens de Amom, de Moabe  e do monte Seir, que
 tinham vindo contra Judá; e foram desbaratados” (II Cr 20:21, 22). 
Foi a famosa guerra sem luta! Diante do louvor dos levitas à frente  do exército do
povo de Deus, o Senhor mesmo feriu seus inimigos, concedendo a
vitória mais uma vez a seu povo.
9) “Ora, na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de  todos os lugares, para
os trazerem a Jerusalém, a fim de celebrarem a  dedicação com alegria e com ações
de graças, e com canto, címbalos, alaúdes e harpas” (Ne 12:27).
Na inauguração dos muros de Jerusalém os levitas
fizeram um culto de ação de graças ao Senhor.
10) “Logo que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da 
cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, 
prostrar-vos-eis, e adorareis a imagem de ouro que o rei
Nabucodonosor tem levantado” (Dn 3:5).
Este é um exemplo que a música tem sido usada há muito tempo para
induzir as pessoas a pecarem. Podemos contextualizar esse assunto
traçando um paralelo com as músicas, que hoje, são utilizadas para
influenciarem negativamente aqueles que as ouvem. Existem músicas que
levam as pessoas traírem seus cônjuges; a beberem compulsivamente; a
se drogarem; até mesmo para matar. Assim como a música pode levar uma
nação a jubilar diante de Deus, pode também levar uma nação a se rebelar.
É o poder que a música tem. Viciados em drogas comumente ouvem
músicas que os enlouquecem e os encorajam a se drogarem.
11) “Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava,
ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças” (Lc 15:25).
Da mesma forma que certos tipos de músicas podem entristecer o ser
humano, outros estilos podem criar ambientes de pura alegria como foi
o caso que vemos acima. Um pai que ao ter seu filho de volta logo fez
uma festa musical para recebê-lo.  
12) “Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no
firmamento do seu poder! Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o
conforme a excelência da sua grandeza! Louvai-o ao som de trombeta;
louvai-o com saltério e com harpa! Louvai-o com adufe e com danças; 
louvai-o com instrumentos de cordas e com flauta! Louvai-o com
címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes! Tudo quanto
tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!” (Sl 150).
Este é conhecido como o salmo musical. Refere-se a uma grande
variedade de instrumentos e que todos eles devem louvar ao Senhor.
A expressão maior do salmista é mostrar que não existe um tipo apenas
de instrumentos com os quais devemos louvar o criador e sim que:
 Tudo o que tem fôlego louve ao Senhor, louvai ao Senhor!

curiosidades da Bíblia


Curiosidades da Bíblia

A primeira citação da redondeza da terra confirmava a ideia de Galileu, de um planeta esférico. Bastava que os descobridores conhecessem a bíblia. (Isaías 40: 22)

Davi, além de poeta, músico e cantor foi o inventor de diversos instrumentos musicais. (Amós 6: 5)

O tio e a tia de Jesus se tornaram "crentes" na sua pregação antes de sua crucificação. (Lucas 24: 13 - 18, João19: 25)

O nome "cristão" só aparece três vezes na Bíblia. (Atos 11: 26, Atos 26: 28 e I Pedro 4: 16)

A "Epístola da Alegria" , a carta de Paulo aos Filipenses, foi escrita na prisão e as expressões de alegria aparecem 21 vezes na epístola.

Quem dá aos pobres, empresta a Deus, e Ele lhe pagará. (Provérbios 19: 17)

O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos e os faróis acesos aparecem descritos exatamente como nos dias de hoje. (Naum 2: 4)

A mensagem através de "out-doors" é uma citação bíblica detalhada. (Habacuque 2: 2)

Quem cortou o cabelo de Sansão não foi Dalila, mas um homem. (Juízes 16: 19)

O nome mais comprido e estranho de toda a bíblia é Maersalalhasbas - filho de Isaias. (Isaías 8: 3 - 4)

Extraído do Jornal do Capítulo "Avenida Paulista" da ADHONEP em São Paulo: Você sabia que a palavra fé só é encontrada uma vez no antigo testamento? (Hc 2: 4)

Você sabia que a palavra "Deus" aparece 2.658 vezes no V.T. e 1.170 vezes no N.T. num total de 3.828 vezes??

O destino dos Apóstolos
Todos os apóstolos que andavam com Jesus morreram como mártires, com exceção de dois: Judas Iscariotes, que traiu Jesus e acabou se enforcando, e João, que após ser exilado na ilha de Patmos, obteve a liberdade e morreu de morte natural. PAULO, que não era apóstolo oficialmente, foi considerado apóstolo do gentios por causa da sua grande obra missionária nos países gentílicos. Foi decapitado em Roma por ordem de Nero.

MATIAS, que ficou no lugar de Judas Iscariotes, foi martirizado na Etiópia.

SIMÃO, o zelote, foi crucificado.

JUDAS TADEU morreu como mártir pregando o evangelho na Síria e na Pérsia.

TIAGO (o mais jovem), pregou na Palestina e no Egito, sendo ali crucificado.

MATEUS morreu como mártir na Etiópia.

TOMÉ pregou na Pérsia e na Índia, sendo martirizado perto de Madras no monte de São Tomé.

BARTOLOMEU serviu como missionário na Armênia, sendo golpeado até a morte.

FILIPE pregou na Frígia e morreu como mártir em Hierápolis.

ANDRÉ pregou na Grécia e Ásia Menor. Foi crucificado.

TIAGO (o mais velho) pregou em Jerusalém e na Judéia. Foi decapitado por Herodes.

SIMÃO PEDRO pregou entre os judeus chegando até a Babilônia, esteve em Roma, onde foi crucificado com a cabeça para baixo.

Outras Curiosidades
Você sabia que a palavra "Deus" aparece 2.658 vezes no V.T. e 1.170 vezes no N.T. num total de 3.828 vezes??

Calvário ou Gólgota. Ambas as palavras, a primeira derivada do latim e a segunda do aramaico, significam "a caveira" ou "o lugar da caveira", e fazem referência ao lugar onde Cristo foi crucificado (Mt 27:33, Lc 23:33). Se o chamaram "o lugar da caveira" por ser um local de execução (um lugar onde havia caveiras) ou porque o lugar parecia com uma caveira, não se sabe ainda hoje.

A localização exata do calvário é atualmente desconhecida devido ao fato de Tito ter destruído Jerusalém no ano 70 D.C. Durante uns 60 anos, a cidade permaneceu em total ruína. Poucos cristãos regressaram para viver ali, e os que o fizeram, certamente eram em menor número do que aqueles que fugiram da cidade e não tiveram condições de reconhecer nenhum lugar em meio à devastação total. Vários lugares têm sido sugeridos como a provável localização da sepultura, mas só dois deles são considerados com seriedade. Um é no interior da igreja do Santo Sepulcro, e outro é o calvário de Gordon, com sua tumba do jardim.

A Bíblia ***** O livro maior é o dos Salmos, com 150 capítulos. *****O livro menor é II João. ***** O capítulo maior é Salmos 119. ***** O capítulo menor é salmos 117. ***** O capítulo 37 de Isaías e o 19 de II Reis são iguais. ***** Foram usados três idiomas em sua confecção: Hebraico, grego e aramaico. ***** Foi escrita em aproximadamente 1600 anos, por uns 40 autores e contém 66 livros. ***** A Palavra SENHOR é encontrada na Bíblia 1853 vezes e REVERENDO 1 vez no Salmo 111:9. ***** O verso maior é Ester 8:9. ***** O verso menor é Êxodo 20:13. ***** O verso central é Salmos 118:8. ***** Texto áureo da Bíblia: João 3:16

Diversas ? A "Epístola da Alegria" , a carta de Paulo aos Filipenses, foi escrita na prisão e as expressões de alegria aparecem 21 vezes na epístola. ? Quem dá aos pobres, empresta a Deus, e Ele lhe pagará. (Provérbios 19:17) ? O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos e os faróis acesos aparecem descritos exatamente como nos dias de hoje em Naum 2:4 ? A mensagem através de "out-doors" é uma citação bíblica detalhada. (Habacuque 2:2) ? Quem cortou o cabelo de Sansão não foi Dalila, mas um homem (Juizes 16:19) ? O nome mais cumprido e estranho de toda a bíblia é Maersalalhasbas - filho de Isaías (Isaías 8:3-4) ? A primeira citação da redondeza da terra confirmava a idéia de Galileu, de um planeta esférico. Bastava que os descobridores conhecessem a bíblia. (Isaías 40:22) ? Davi, além de poeta, músico e cantor foi o inventor de diversos instrumentos musicais. (Amós 6:5) ? O tio e a tia de Jesus se tornaram "crentes" na sua pregação antes de sua crucificação. (Lucas 24:13-18 / João 19:25) ? O nome "cristão" só aparece três vezes na Bíblia. (Atos 11:26 / Atos 26:28 e I Pedro 4:16)

Sobre o casal Abraão e Sara: Sara Viveu 127 (cento e vinte e sete) anos, Abraão viveu 165 (cento e sessenta e cinco) anos; ambos foram sepultados no Campo de Efrom, em Macpela (terra que foi comprada por Abraão pela quantia de 400 (quatrocentos) siclos de prata. Ao contrário do que muitos afirmam, o primeiro filho de Abrãao foi Ismael e não Isaque. Ismael foi concebido por Agar, serva egípcia de Sara (Sara tinha entregado Agar a Abrãao para que concebesse). Ainda nesta época, Abraão chamava-se Abrão (visto que Deus não havia mudado seu nome). Quando nasceu Isaque, Abraão tinha 100 (cem) anos. Após o falecimento de Sara, Abraão tomou como mulher a Quetura, e concebeu Quetura a seis filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suã. Abrãao deu a Isaque (o filho da promessa de Deus) todos os seus bens e riquezas, e aos demais filhos deu dádivas e os despediu. Isaque casou-se com Rebeca, que era da parentela de Abraão. Rebeca era estéril, assim como Sara, e tanto uma quanto outra conceberam por promessa de Deus. O Casamento de Isaque foi como consolo pela morte de sua mãe Sara.

Sobre a Bíblia: A tradução grega da palavra Bíblia (biblia (pl.)) significa livros. Seu tempo de composição durou aproximadamente 1600 anos, com um total de 40 autores aproximadamente. Possui 66 livros, divididos em Velho Testamento com 39 livros e Novo Testamento com 27 livros, assim classificados: Históricos - Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números. Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Poéticos - Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos dos Cânticos. Proféticos - (Maiores) Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel, (Menores) Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João. Históricos - Átos. Cartas de Paulo - Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito e Filemon. Cartas Gerais - Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas. Profético - Apocalipse. As divisões da Bíblia facilitam sua memorização. Não se deve pensar que somente os proféticos é que têm profecia, ou só os poéticos só têm poesia, ou os doutrinários (Epístolas) só doutrinas; da mesma forma os históricos não são apenas para relatar fatos, assim como não há muitos fatos históricos. Cada livro da Bíblia deve ser estudado convenientemente para que o seu ensino seja apreendido. Sem dúvida alguma a Bíblia é uma biblioteca extraodinária!

"A mim me pertence a vingança" - Esta frase proferida pelo apóstolo Paulo tem significado oposto do que a maioria das pessoas atribui. As palavras de Paulo não são desculpa para tornar-se a vingança em nome do Senhor. Antes, asseveram que a vingança é mister do Senhor, não deve ser executada pelos seres humanos. Em Romanos 12:19-21, Paulo desaconselha as represálias humanas: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". Paulo insta com seus leitores a que pratiquem a bondade e deixem a vingança com Deus. O amontoar brasas sobre a cabeça do inimigo é tirado de Provérbios 25:21-22. Nos tempos antigos os defensores de uma cidade murada derramavam brasas vivas sobre a cabeça dos seus inimigos que, durante o sítio, subiam as escadas. O provérbio citado por Paulo sugere que a melhor vingança que se pode tomar contra os inimigos é "matá-los de bondade" .

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16)

* A Bíblia já foi escrita com capítulos numerados, como temos hoje? Não. Nenhum livro da Bíblia foi escrito com capítulos numerados. Em 1551, Robert Etiene, redator e editor em Paris, fez a experiência dividindo o NT de língua grega em versículos. Teodoro de Beza gostou da idéias e em 1565 dividiu toda a Bíblia em versículos. * Qual o significado da palavra "Bíblia"? É uma palavra de origem grega e significa "livros". Ler 2Tm 3,16

AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES

Sempre houve empenhos para que a Bíblia fosse traduzida para línguas comuns. Há três traduções que são importantes por serem antigas , são testemunhas primitivas dos textos antigos.

1 - VERSÃO DOS SETENTA - É uma tradução em grego do V.T., feita entre os anos 280 e 130 A.C., e é conhecida por "Septuaginta", porque a tradição diz que é o resultado de setenta sábios hebreus, convocados em Alexandria, no Egito, pelo rei Ptolomeu Filadelfo. Esta versão era muito usada pelos apóstolos.

2 - VULGATA LATINA - Versão foi feita por Jerônimo no fim do Século IV. No Século IV havia diversas versões em latim, divergentes entre si, e a igreja entregou a Jerônimo, grande conhecedor do hebraico e do grego, a tarefa de preparar uma versão confiável em latim. Os colegas de Jerônimo preferiam as antigas versões defeituosas. Somente no Século VI que a Vulgata Latina de Jerônimo começou a receber a aceitação da maioria. A Igreja Católica Romana, desde o fim do Século XVI, tem adotado esta versão como oficial.

5.4 - VERSÃO SIRÍACA PESHITO
Esta versão é a terceira de interesse, facilitada para o idioma da Síria. Provavelmente a primeira tradução do N.T. tenha sido esta. Estas versões citadas são importantes porque foram usadas para traduções mais recentes.

5.5 - LIVROS APÓCRIFOS
Nas versões dos Setenta e na Vulgata Latina encontram-se outros livros (I Esdras, II Esdras, Tobias, Judite, o resto de Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, a Epístola de Jeremias, o Canto do Três Mancebos, a História de Suzana, Bel e o Dragão, A Oração de Manassés, I Macabeus, II Macabeus, O Códice Alexandrino acrescenta ainda III e IV Macabeus, num total de 16 livros) que são considerados "apócrifos" (ocultos); os próprios judeus não aceitaram esses livros inspirados por Deus mesmo aparecendo na Vulgata Latina, o próprio Jerônimo não os aceitou como inspirados. A Igreja Evangélica considera esses livros fora do Cânon Sagrado pelas razões básicas: contem erros históricos geográficos e cronológicos, aprovam a mentira, o suicídio, o assassinato, os encantamentos mágicos, as orações aos mortos, salvação por meio de gratificações, descrição do sobrenatural de uma forma grotesca e ridícula. No Concílio de Trento (1546 D.C.) a Igreja Ocidental passou a considerá-los autoritários com o voto de 53 prelados sem conhecimentos históricos destacados sobre documentos orientais, encontrando oposição de grandes homens como o cardeal Polo que afirmou que assim agira o Concílio a fim de dar maior ênfase às diferenças entre católicos romanos e os evangélicos. Outro destacado líder católico, Tanner afirmou que a Igreja Católica Romana encontrou nesses livros o seu próprio espírito (apud Introdução ao Antigo Testamento, Dr. Donaldo D. Turner, IBB).

5.6 - VERSÕES PORTUGUESAS
Portugal com todo o seu valor histórico e sentimento religioso não deixou uma tradução da Bíblia em língua popular. O primeiro esforço para divulgação das Escrituras em português foi da rainha d. Leonora, esposa de D. João, rei de Portugal que em 1495 mandou imprimir uma tradução da Vida de Cristo, escrita em latim por Ludolfo da Saxônia. Em 1505 a mesma rainha mandou imprimir uma versão dos Atos dos Apóstolos e das Epístolas Universais de São Tiago, São Pedro, São João e São Judas. Em 1495 apareceu uma edição litúrgica da Epístolas e Evangelhos traduzidos por Gonçalo Garcia.

5.7 - A VERSÃO DE ALMEIDA
João Ferreira de Almeida nasceu em Lisboa em 1628, filho de católicos e entre os holandeses aceitou a fé na Igreja Reformada,aos treze anos de idade, cuja conversão se atribui à leitura de um folheto em espanhol sobre a diferença entre a Igreja Reformada e a Romana. Antes de completar quinze anos de idade traduziu de espanhol para o português um resumo dos Evangelhos e Epístolas. E aos dezesseis anos traduziu o N.T. do latim, consultando as versões espanholas, italianas e francesa, como também a Liturgia e Catecismo de Heidelberg. Em 1656 foi ordenado ministro, falecendo em 1691. Escreveu várias obras, sendo o destaque a Bíblia em português.. A primeira edição do Novo Testamento de Almeida foi impressa em Amsterdã, em 1681. A primeira edição completa do V.T. do padre Almeida foi impressa de 1748 a 1753 em dois volumes. A parte que Almeida não chegou a traduzir, de Ez 48:21, em diante, foi obra de Jacob Ofden Akkar, ministro na Batávia. Almeida levou sua vida pregando o Evangelho em Java, Ceilão e na Costa de Malabar. Grande exemplo Bibliografia 1 Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C. Mears, Editora Vida

A MENOR BÍBLIA
A menor Bíblia existente foi impressa na Inglaterra e pesa somente 20 gramas. Este fabuloso exemplar da Bíblia mede 4,5cm de comprimento, 3cm de largura e 2cm de espessura. Apesar de ser tão pequenina, contém 878 páginas, possui uma série de gravuras ilustrativas e pode ser lida com o auxílio de uma lente.

A MAIOR BÍBLIA
A maior Bíblia que se conhece, contém 8048 páginas, pesa 547 kg e tem 2,5m de espessura. Foi confeccionada por um marceneiro de Los Angeles, durante dois anos de trabalho ininterrupto. Cada página é uma delgada tábua de 1m de comprimento, em cuja superfície estão gravados os textos.

VAMOS LER A BÍBLIA?
A Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos. Para sua leitura completa são necessárias 49 horas, a saber, 38 horas para a leitura do Velho Testamento e 11 para o Novo Testamento. Para lê-la audivelmente, em velociade normal de fala, são necessárias cerca de 71 horas. Se você deseja lê-la em 1 ano, deve ler apenas 4 capítulos por dia.

A BÍBLIA NO MUNDO
O velho e Novo Testamento, já atravessou mais de 3 mil anos, sendo traduzida em 2167 línguas.

O Cântico de Salomão


Cantares de Salomão foi escrito por alguém que amava e era amado. Ao longo da história do cristianismo, despertou muitas controvérsias. Alguns não acreditavam que o livro não era inspirado e portanto, não poderia fazer parte do Livro Sagrado. Hoje, Cantares de Salomão esta sendo redescoberto pelos estudiosos da Palavra de Deus. O livro fala de amor, companheirismo, sexo, romance e poesia. A leitura do artigo a seguir fará bem ao seu casamento.

É verdade. Cantares é um livro de poesia de amor. Não amor platônico, mas de ardente amor sensual. Belíssimo livro e belíssimas poesias, que podem inspirar o relacionamento entre o homem e a mulher cristãs em sua expressão de amor. Podem – e devem inspirá-los. Que bom seria se às vésperas das núpcias, os casais estudassem Cantares: de delícias! Que alegrias! Que harmonia! Ó, Deus, como nos ama tanto!
Uma lição importante desse livrinho de amor, encontra-se no seguinte trecho (Ct 1,15-2,3):



O amado fala para a amada
1,15a Eis que és bela, amada minha, eis que és bela!
 1,15bTeus olhos, pombas... 
A amada fala para o amado
1,16a Eis que és belo, meu amor!
1,16b Tão atraente és, quanto viçoso é nosso leito... 
O amado declama
1,17a As vigas de nossas casas, cedros;
1,17b nosso teto, ciprestes! 
A amada declama 
2,1 Eu, um narciso de Saron, uma açucena do vale!
O amado declara 
2,2a Como uma açucena entre os espinhos,
2,2b assim é minha amada entre as jovens... 
A amada declara
2,3a  Como macieira entre as árvores do bosque,
2,3b assim é meu amor entre os jovens...
2,3c Em sua sombra eu suspirei e me assentei,
2,3d E seu fruto é doce ao paladar...


Que cena belíssima! O ambiente é poético e construído com descrições tiradas aos bosques (cedros, ciprestes) e aos jardins (narciso, açucena) – os dois amados estão sob os cedros e ciprestes, entre flores e puro viço vegetal (leito viçoso). Quem sabe cantam os pássaros (1,15b)? Talvez estejam deitados na relva (leito viçoso), e tenham momentos de se olhar nos olhos (teus olhos, [são] pombas). Certamente, amam-se (2,3d). É, portanto, um poema de amor ambientado na flora – é entre cedros, ciprestes, narcisos e açucenas que a poesia os flagra em amar um ao outro. Os cedros servem-lhes de casas, os ciprestes são seu teto. A relva é seu leito. Flores e árvores, seus companheiros... Mas estão sós, entregues ao amor que sentem um pelo outro. E há muita ternura em meio ao desejo que experimentam. É assim que Storniolo e Balancin traduzem a referência às pombas (1,15), considerando, ainda, que “terminada a relação íntima, resta a ternura que prolonga serena e seguramente a relação amorosa”, numa referência a Ct 2,6.

Esse trecho lembra muito Ct 7,11-14, onde o ambiente é também a flora, cujos efeitos afrodisíacos encantam a amada e cujo tema é o desejo. Em Ct 1,15-2,3, a flora também serve de cenário para o encontro dos amados, e seu amor se derrama em gestos e palavras. Podemos simplesmente nos deixar tomar pela poesia e assim nos inebriarmos também nós desse amor sublime; mas também podemos observar que relações pode haver entre casas que são cedros e teto que são ciprestes e as declarações de amor e fidelidade que trocam entre si e declaram à flora que os cerca. Bem, na verdade uma coisa não prescinde da outra...

Tomemos as expressões cedros e ciprestes como mais do que apenas um motivo poético. Se nos perguntarmos sobre que sensações o amado deixa extravasar quando declama, e recorre à figura dos cedros e dos ciprestes, de que sensações poderemos falar senão, já, de segurança? A poesia os flagra trocando juras de amor e declarando fidelidade – há razões para nos surpreendermos com a constatação de que a sensação que invade os amantes é a segurança que amor e fidelidade geram? Também a amada declama ser um narciso e uma açucena (em hebraico, ambas as palavras são femininas). É uma sensação de completa harmonia com a flora, com a vida, com a história, que somente o amor e a fidelidade traduzem na forma de segurança.


A sensação de segurança gerada pelo amor


Que trocam juras de amor penso estar claro. Os versos 1,15 e 16 são um diálogo. O amado fala para a amada e a amada fala para o amado. O que falam? Trocam palavras de elogio – ele a acha bela, e ela o acha belo. Ela ainda lhe diz ser atraente, e que seu leito é viçoso (não esqueçamos que o poema coloca os amantes num cenário misto de bosque e jardim, com árvores e flores por toda parte). Perceba o leitor que quando falam assim um para o outro, estão se olhando nos olhos: o amado, dizendo que ela é bela, continua: “teus olhos, [são] pombas...” – ele está olhando dentro dos olhos dela.  Se estão deitados, não sabemos; sentados de joelhos, um frente ao outro? Não sabemos – mas se olham, isso é certo! Se falam, isso é fato... fato poético, mas fato.

Some o leitor essas palavras dos versos 15 e 16: amada, bela, olhos, pombas, amado, belo, atraente, leito viçoso – o que construímos? Um encontro de amor! Nossos enamorados estão vivendo um momento de amor. As sensações que invadem o amado dirigem seus olhos para os olhos da amada, e, quando se encontram seus olhos, ele suspira: “_ Bela!”. Quem resiste ao amor? Quem não se entrega a essa força tremenda, dádiva de Deus e bênção divina? Não o amado... O amado se entrega ao amor, entregando-se à amada...

Sim, o amado deixa-se fundir ao ambiente, porque as sensações do amor são mágicas e geram harmonia ao redor de si. Stadelmann, por exemplo, descreve os versos 2,1-3 em termos de harmonização de sensações e emoções[1]. Não admira que a estrofe de 1,17 transforme os cedros em casas e os ciprestes no teto dos amantes, porque há uma fusão de sensações, e as personagens fundem-se com o cenário em autêntica harmonia poética. É por essa mesma razão – por ser tomada de plenas sensações de amor, que a amada se sente em perfeita harmonia com as flores que circundam seu leito floral. Ela mesma é uma delas (2,1). O lugar onde estão serve de motivo para falar de suas sensações – e suas sensações são segurança e poesia, a segurança do amor, a poesia do desejo e da ternura.

Repare o leitor que não se trata de sentimento que o amado guarde para si, e que a amada oculte em seu peito – não! Ele se declara para ela, ela se declara para ele. Isso é cedro, isso é cipreste: olhar nos olhos da amada, olhar nos olhos do amado, e falar, declarar, trocar juras – diariamente! Não há vendaval que abale um romance assim – de olhos e palavras, atração e romance, desejo e amor... Maravilhosas Escrituras que nos guardaram esse poema! O casamento transforma-se em perfeita harmonia, se a poesia do amor compõe seus versos diariamente... Se os leitores permitirem a citação de dois versos de Diariamente, poema de Nando Reis cantado por Marisa Monte, poderia ilustrar o que venho de dizer, acrescentando assim:

“Para o beijo da moça: paladar (...)
para os dias de folga: namorado (...)
para você o que você gosta: diariamente”

Ah, amados: precisamos construir um leito viçoso desses em nosso romance (1,17b). Se somos casados, pernoitemos entre as alfenas (7,12) e aspiremos o perfume das mandrágoras (7,14), olhemos nos olhos de nossa amada (1,15), de nosso amado, troquemos juras de amor (1,15a.16a), compartilhemos elogios, colecionemos palavras e gestos em caixinhas frágeis como o coração que ama, e permitamos que a dádiva do amor e a bênção do desejo e da ternura cumpram sua vocação no Éden conjugal. Se somos namorados – ou estamos ainda à busca do sonho, plantemos nossos ciprestes, semeemos nossas açucenas – cultivemos nosso jardim: quando chegar a hora, que colhamos de seu fruto, e que beijemos suas pétalas de veludo... diariamente.
Oh, Deus, como te amamos!


A sensação de segurança gerada pela fidelidade


Mas que dizer dos versos 2,1-3? Acrescentarão qualidade ao verso 17? Oh, sim, e quanta! – e mais do que isso, tambémtraduzem plena satisfação pessoal proporcionada pelo romance.

Há um crescendo de sensações à medida que o poema avança. Nos versos 15-16, estão ambos plenamente presentes. Trocam elogios de beleza e amor, olhando-se nos olhos. Mas o amor é poderoso, e Deus o fez de tal forma que se torna maior do que o amado, maior do que a amada, maior do que os dois juntos. Assim tomados pelo amor, o amado apela para a flora, para poder expressar-se, porque a consciência a razão tornam-se inadequados – só a metáfora ainda serve para declamar as sensações que os invadem: os cedros, os ciprestes, o narciso, as açucenas (1,17-2,1). O ambiente floral os toma a eles, e o amor torna-se poesia. Sentimento puro é pura poesia – quanto mais sentimento tornado toque físico e sensação humana de amor! Não deixemos escapar que depois dos olhos (1,15) surge o leito (1,17), se já não é no leito que se olham, sem pudores... Oh, Deus, como o amado pode expressar tudo quanto experimenta se não recorre à poesia?! E que resta à amada senão tomar-se a si por uma açucena do vale, entregue ao vento?! Do desejo, saltam à poesia; do diálogo, à declamação. Mas é com os versos 2,2-3 que chegam ao auge das sensações, e o que era diálogo e se tornara declamação, converte-se agora numa declaração vigorosa de fidelidade: (Eu [sou] do meu amado, Ct 7,11). Os amados se bastam, mutuamente...

Que se trata de juras de fidelidade parece mais do que claro: o amado tem na sua amada a figura da açucena, que ela mesma usara em sua declamação (2,1). Se a amada é uma açucena, declara o amado, então todas as demais jovens são como espinhos! Comparada a ela, as outras jovens não são de se tocar ou cheirar, sequer são belas. O amado só tem olhos para a sua açucena – e as jovens não lhe podem mais roubar o coração, porque a amada já o roubou (4,9). Parece que o amado declara seu voto de fidelidade para que todos ouçam, e onde quer que esteja, todos saibam que ele é dela.

E que tem ela a gritar para que todos ouçam? Que os demais jovens, se comparados a seu amado, são como árvores do bosque comparadas à macieira – não têm frutos a dar, enquanto que o fruto do amado, ah, esse lhe é dulcíssimo à língua... Quem ouve a amada falando assim, pode reconhecer que o que ela diz em 7,11 é verdadeiro: eu sou do meu amado. Perceba-se que não é ela quem exige fidelidade dele, nem ele dela. Ele é que se sente invadido pela sensação da fidelidade – deseja-a tanto, ama-a tanto, que não concebe nenhuma outra palavra senão esta: quero só você, amor! Também não é ele quem exige dela fidelidade – é também ela que, tomada pelas mesmas sensações, suspira tanto pelo amado, quer-lhe tanto que não lhe passa pela cabeça, cabeça? não, não lhe passa pelos poros do corpo inteiro nada que não a declaração de fidelidade: eu sou do meu amado.


Amor e fidelidade – jardim que se deve aguar todos os dias


Como se pode amar tanto e ser tão fiel? Como manter as mesmas sensações do amado pela amada, e da amada pelo amado? É possível que também nós nos movamos nesse jardim e namoremos nesse bosque? Penso que sim.

É verdade que as sensações do poema são sensações extremas: trata-se, afinal de contas, de um encontro de amor, e as sensações de um encontro de amor, nós o sabemos, não são as mesmas de uma conversa sobre os filhos e como passamos o dia, antes de dormir, depois de um dia de cansativo trabalho: a vida não é o tempo todo pura poesia. Mas o amor é o mesmo e a fidelidade também. Haverá momentos em que experimentaremos essas mesmas sensações que as Escrituras homologam como saudáveis e boas, impressas em nosso corpo de barro pelo sopro de Yahweh ‘Elohim (Gn 2,7). Sim, o desejo e as sensações de amor que o acompanham estavam naquele sopro – são pois uma centelha divina, boníssima, de que não devemos nos envergonhar nem tratar com menosprezo. Antes, render muitos agradecimentos ao Pai pelo dom do amor conjugal – causa de muito prazer e harmonia – segurança, portanto, e pura ternura para marido e mulher.

O segredo é tornar todos os dias num jardim, e todas as tardes num bosque... diariamente. Se não quisermos manter a linguagem poética, diria que o segredo é o voto de amor e de fidelidade, diariamente renovados. Devemos renovar todos os dias, os votos de amor e de fidelidade. Todos os dias, dizer a nós mesmos que amamos nossa amada ou nosso amado. Todos os dias, dizer a ela ou a ele que estamos repletos de amor e nos rendemos. Todos os dias, declarar ao mundo que nos cerca que somos fiéis – que somos dela, somos dele, somos do amor que nos conquistou, que nos roubou o coração, e não tem jeito.

Homens, homens – se temos olhos, fixemos esses olhos nos olhos de nossas amadas. Olhos que muito saltitam aqui e ali se esquecem de renovar seus votos, e os espinhos, que espinhos eram, tornam-se agradabilíssimas flores fresquíssimas, cheirosas, apetitosas, e lá se vai o amor que um dia experimentamos... e lá se vai casamento vale abaixo... Homens, homens, olhem para suas esposas, nos olhos delas (1,15b), e falem para elas que as amam (1,15a), e que suas casas são cedros, e que o teto de vocês são ciprestes (1,17), que ela é bela e seus olhos, pombas... Falem com suas esposas, maridos: tenham certeza de que elas gostam muito disso. Falem: e ouvirão a amada, suspirando – eu sou do meu amado!

Mulheres, mulheres, tratem bem de seu leito, mantendo-o viçoso (1,16b). Não sintam vergonha de olhar para seu marido e confessar aos 30 anos, aos 40, aos 50, aos 60... que ele a atrai (1,16b) e que você está viva!, e que se sente tomada de ternura e de desejo. Fale para ele que ama e que o ama (1,16a) e não se sinta menos cristã porque gosta dos beijos de sua boca (1,2). Permita-se viver ao lado de seu marido, e sinta plenamente o vigor com que Deus brindou vocês, mulheres maravilhosas, que fazem de nós homens pequenos-bobos de amor, e tolos poetas, que poesia não fazemos. Calamos de amor... é o amor quem declama.

Façamos nossas juras de amor diariamente, e renovemos todos os dias nosso votos de fidelidade. A harmonia conjugal será tão grande, que de nosso lábios brotará o louvor: “_ Oh, Deus maravilhosíssimo. Quem é como tu?”.

puritanismo (trabalho dos meus alunos)


      PURITANISMO


 Seminário de Teologia
 Professor: Jorge Oliveira











Puritanos e Assembléia de Westminster
OS PURITANOS: SUA ORIGEM E SUA HISTÓRIA

Introdução
Ênfase principal: preocupação com a pureza e integridade da igreja, do indivíduo e da sociedade.
Movimento muito influente na Inglaterra; principal tradição religiosa na história dos Estados Unidos.
1. Definições
Movimento em prol da reforma completa da Igreja da Inglaterra que teve início no reinado de Elizabete I (1558) e continuou por mais de um século como uma grande força religiosa na Inglaterra e também nos Estados Unidos. "Uma versão militante da fé reformada" (Dewey D. Wallace, Jr.).
Movimento religioso protestante dos séculos 16 e 17 que buscou "purificar" a Igreja da Inglaterra em linhas mais reformadas. O movimento foi calvinista quanto à teologia e presbiteriano ou congregacional quanto ao governo eclesiástico (Donald K. McKim).
Pessoas preocupadas com a reforma mais plena da Igreja da Inglaterra na época de Elizabete e dos Stuarts em virtude de sua experiência religiosa particular e do seu compromisso com a teologia reformada (I. Breward).
2. Antecedentes (raízes)
O puritanismo é uma mentalidade ou atitude religiosa que começou cedo na história da Inglaterra.
Desde o século 14, surgiu uma tradição de profundo apreço pelas Escrituras e questionamento de dogmas e práticas da igreja medieval com base nas mesmas.
Começou com o "pré-reformador" João Wycliffe e os seus seguidores, os lolardos. Publicação da primeira Bíblia Inglesa completa em 1384, na época do "Grande Cisma".
Wycliffe afirmou a autoridade suprema das Escrituras, definiu a igreja verdadeira como o conjunto dos eleitos, questionou o papado e a transubstanciação.
O protestantismo inglês sofreu a influência de Lutero e especialmente da teologia reformada continental, a Reforma Suíça de Zurique (Zuínglio, Bullinger) e Genebra (Calvino, Beza).
Começou com o trabalho teológico da primeira geração de reformadores ingleses, influenciados pela Reforma Suíça. Ênfases: colocação da verdade antes da tradição e da autoridade; insistência na liberdade de servir a Deus da maneira que se julgava mais acertada (ver Lloyd-Jones, O puritanismo e suas origens)
William Tyndale (†1536) - compromisso com as Escrituras, ênfase na teologia do pacto. Tradutor da Bíblia - NT (1525); cruelmente perseguido; estrangulado e queimado em Antuérpia, na Bélgica.
John Hooper (†1555) - as Escrituras devem regular a estrutura eclesiástica e o comportamento pessoal.
John Knox (†1572) - reforma completa da igreja e do estado.
Quais as pricipais caracteristicas do puritanismo?
A saber:
a) A doutrina da graça, "desde a salvação até a prosperidade material";
b) a conversão ou regeneração pessoal, que incluía redenção e santificação pessoal
c) o conceito de pacto, que explicava o tratamento de Deus para com a pessoa individualmente e era a base filosófica, no puritanismo, para instituições como família, igreja e Estado;
d) a Bíblia como autoridade única de fé e prática;
e) uma doutrina da criação bem desenvolvida que "levou logicamente ao repúdio da velha dicotomia entre sagrado e profano";a doutrina da providência de Deus em tudo e a conseqüente doutrina da vocação ou chamado de Deus.
f) a visão puritana tríplice da "pessoa", : boa, porque criada por Deus, pecaminosa, "em virtude do pecado original de Adão imputado a ela... e capaz de redenção e glorificação pela renovadora graça de Deus".

3. História
(a) Henrique VIII (1509-1547) - criou a Igreja Anglicana, uma igreja nacional inglesa de orientação nitidamente católica. Em 1539, impôs os Seis Artigos, com severas punições para os transgressores ("o açoite sangrento de seis cordas"). Incluíam a transubstanciação, a comunhão em uma só espécie, o celibato clerical, votos de castidade para leigos, missas particulares, confissão auricular, etc.
Duas reações dos protestantes: conformação - por exemplo, o arcebispo Thomas Cranmer a princípio de opôs, mas depois se submeteu e separou-se da esposa; protesto - Miles Coverdale, John Hooper e outros, que tiveram de fugir do país e foram para a Suíça. Sob a influência continental, começaram a se opor ao cerimonialismo religioso.
(b) Eduardo VI (1547-1553) - nessa época, a influência dos partidários de uma reforma profunda da igreja inglesa se tornou mais forte. John Hooper dispôs-se a aceitar um bispado que lhe foi oferecido, mas não a ser investido no ofício do modo prescrito, com o uso das vestes litúrgicas. Acabou sendo lançado na prisão por algum tempo. Foi o primeiro a expor claramente o argumento acerca das vestes. Não eram coisas indiferentes, e sim resquícios do catolicismo. Começa a surgir uma nítida distinção entre anglicanismo e puritanismo.
(c) Maria I (1553-1558) - tentou restaurar a Igreja Católica na Inglaterra e perseguiu os líderes protestantes. Muitos foram executados - Hugh Latimer (†1555), Nicholas Ridley (†1555) e Thomas Cranmer (†1556) - mártires marianos. Outros fugiram para o continente (Genebra, Zurique, Frankfurt), entre eles John Knox e William Whittingham, o principal responsável pela Bíblia de Genebra. Nesse período surgiram em Londres as primeiras igrejas independentes.
(d) Elizabete I (1558-1603) - inicialmente esperançosos, os puritanos se decepcionaram amargamente. A rainha insistiu em controlar a igreja, manteve os bispos e as cerimônias. A mesma divisão anterior se manifestou entre os líderes imbuídos de convicções protestantes - alguns, como Matthew Parker, Richard Cox, Edmund Grindal e John Jewel, protestaram no início, mas acabaram acomodando-se ao status quo. Aceitaram bispados e outras posições eclesiásticas sob o argumento de que, se recusassem esses ofícios, Elizabete nomearia católicos romanos em lugar deles. Outros, como Thomas Sampson, Miles Coverdale, John Foxe e Lawrence Humphrey, desafiaram a rainha.
- Os puritanos surgem com esse nome no contexto da "Controvérsia das Vestimentas" (1563-1567) - protesto contra vestimentas clericais (propunham o uso de togas genebrinas) e cerimônias como ajoelhar-se à Ceia do Senhor, dias santos e sinal da cruz no batismo. Nas décadas seguintes, intensificaram-se as medidas disciplinares da igreja e do estado contra os puritanos estritos ("não-conformistas"). Cristalizou-se o anglicanismo clássico, cujo principal teórico foi Richard Hooker, com sua obra Leis de Política Eclesiástica (1593). Em 1593 foi aprovado o rigoroso "Ato contra os Puritanos".
(e) Tiago I (1603-1625) - esse rei havia recebido uma educação calvinista na Escócia, o que encheu de esperanças os puritanos. Eles lhe apresentaram a Petição Milenária, que foi totalmente rejeitada na Conferência de Hampton Court (1604). Alguns puritanos se desligaram inteiramente da Igreja da Inglaterra, entre eles um grupo que foi para a Holanda e depois para a América, fundando em 1620 a Colônia de Plymouth, em Massachusetts.
(f) Carlos I (1625-1649) - esse rei manteve a política de repressão contra os puritanos, o que levou um grupo não-separatista a ir para Massachusetts em 1630. No final do seu reinado, entrou em guerra contra os presbiterianos escoceses e contra os puritanos ingleses. Estes eram maioria no Parlamento e convocaram a Assembléia de Westminster (1643-49), que elaborou os famosos e influentes documentos da fé reformada.
Infelizmente, os puritanos não formavam um movimento coeso. Estavam divididos principalmente no que se refere à forma de governo da igreja. Existiam vários grupos: presbiterianos, congregacionais, episcopais, batistas. Alguns eram separatistas e outros não-separatistas, como os "independentes" (congregacionais moderados). A Guerra Civil terminou com a derrota e execução do rei.
(g) Oliver Cromwell - congregacional, líder das forças parlamentares que derrotaram o rei Carlos I. Tornou-se o "Lorde Protetor" da Inglaterra. Durante o Protetorado ou Comunidade Puritana (1649-1658), a Igreja da Inglaterra foi inicialmente presbiteriana e depois congregacional. Todavia, as rivalidades religiosas levaram ao restabelecimento da monarquia - a Restauração.
(h) Carlos II (1660-1685) - expulsou cerca de 2000 ministros puritanos da Igreja da Inglaterra. A Grande Expulsão (1662) marcou o fim do puritanismo anglicano. Embora perseguidos, sobreviveram como dissidentes ("dissenters") fora da igreja estatal e eventualmente criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas.
(i) Tiago II (1685-1689) - tentou restaurar o catolicismo, mas foi derrotado pelo holandês Guilherme de Orange, esposo de sua filha Maria - a Revolução Gloriosa.
(j) Guilherme e Maria (1689-1702) - mediante um decreto, foi concedida tolerância aos "dissenters" (presbiterianos, congregacionais e batistas), cerca de um décimo da população. A essa altura, os melhores dias do puritanismo já haviam ficado para trás.
O puritanismo americano foi muito dinâmico e influente por pouco mais de um século, desde os primórdios na Nova Inglaterra (1620) até o Grande Despertamento (1740). Alguns nomes notáveis dessa tradição foram John Cotton, William Bradford, John Winthrop, John Eliot, Thomas Hooker, Cotton Mather e Jonathan Edwards.
Herdeiros recentes da tradição puritana: Charles H. Spurgeon, D. M. Lloyd-Jones, J. I. Packer, James M. Boice e outros.
4. O Perfil Puritano
4.1. Terminologia
Não-conformistas: esse termo surgiu na história inglesa quando puritanos e separatistas não quiseram aderir à Igreja da Inglaterra (oficial) desde 1660 até o Ato de Tolerância (1689). Não-conformidade é a atitude de não se submeter a uma igreja oficial.
Separatistas: termo aplicado ao puritano inglês Robert Browne (c.1550-1633) e seus seguidores, que se separaram da Igreja da Inglaterra. Mais tarde foi aplicado aos congregacionais ingleses e outros grupos que formaram suas próprias igrejas.
Não-separatistas: os puritanos anglicanos, aqueles que não queriam separar-se da igreja oficial, mas procuravam reformá-la. Os fundadores de Salem e Boston (1629-1630) estavam nessa categoria.
Independentes: nos séculos 17 e 18, os adeptos da forma de governo congregacional, em contraste com o governo episcopal da igreja estatal inglesa.
Dissidentes ("dissenters"): aqueles que se retiraram da igreja nacional da Inglaterra (anglicana) por motivos de consciência. O termo inclui congregacionais, presbiterianos e batistas.
4.2. Características gerais
Os "não-conformistas", como também eram chamados, em geral eram ministros com educação universitária, oriundos principalmente de Cambridge, embora também houvesse leigos ardorosos entre eles.
Entendiam que a Igreja Inglesa devia adotar como modelo as igrejas reformadas do continente.
O puritanismo influenciou a tradição reformada no culto, governo eclesiástico, teologia, ética e espiritualidade. Quatro convicções básicas: (1) a salvação pessoal vem inteiramente de Deus; (2) a Bíblia constitui o guia indispensável para a vida; (3) a igreja deve refletir o ensino expresso das Escrituras; (4) a sociedade é um todo unificado.
O sentido original do termo "puritano" apontava para a purificação da igreja, na medida que os puritanos queriam descartar os elementos arquitetônicos, litúrgicos e cerimoniais que consideravam conflitantes com a simplicidade bíblica. Por exemplo, eles objetavam contra o sinal da cruz no batismo e a genuflexão para receber a Santa Ceia.
Ao invés de paramentos elaborados (sobrepeliz), eles preferiam uma toga preta que simbolizava o caráter do ministro como um expositor culto da Bíblia.
Queriam que cada paróquia tivesse um ministro residente capaz de pregar. Para alcançar esse objetivo, promoviam reuniões de ministros para ouvir sermões e receber orientação pastoral (suprimidas por Elizabete).
Sofrendo oposição dos bispos e estando comprometidos com uma eclesiologia que dava ênfase à igreja como uma comunidade pactuada, muitos puritanos rejeitaram o episcopado.
Thomas Cartwright promoveu o presbiterianismo (1570). Robert Browne, mais radical, advogou um sistema congregacional e defendeu a imediata separação da "corrupta" Igreja da Inglaterra (1582). Alguns de seus seguidores "separatistas" foram para a Holanda.
Congregacionais mais moderados, conhecidos como "independentes", não chegaram a defender a separação. Eles influenciaram os puritanos da Baía de Massachusetts e se tornaram a corrente principal do congregacionalismo inglês.
Outros puritanos, como Richard Baxter (†1691), queriam um "episcopado atenuado" que associava características presbiterianas e episcopais.
Os puritanos não estavam interessados somente na purificação do culto e do governo eclesiástico. Todo o corpo político também precisava de purificação. Apoiando-se em Martin Bucer e João Calvino, eles insistiram na criação de uma sociedade cristã disciplinada. Achavam que uma nação inteira podia fazer uma aliança com Deus para a realização desse ideal. Esperanças milenaristas e o exemplo do Israel bíblico os impeliram nessa direção.
4.3. Experiência religiosa
A Bíblia, interpretada no espírito dos teólogos reformados continentais, era considerada a única fonte legítima para a doutrina, liturgia, governo eclesiástico e espiritualidade pessoal. Incentivavam a leitura doméstica da Bíblia de Genebra (1560), uma edição comentada. Além da pregação expositiva regular aos domingos, havia a instrução dos membros em seus lares durante a semana. Deram grande ênfase à preparação de ministros pregadores (ex: Emmanuel College, em Cambridge).
Os pregadores-teólogos puritanos escreveram com detalhes sobre a maneira pela qual a graça de Deus poderia ser identificada na experiência humana, indo além de religiosidade formal e expressando-se numa transformação interior da morte no pecado para a vida em Cristo, com base na fé. Os diários e autobiografias dos puritanos revelam quão intensa essa luta podia ser e como se tornaram pessoais os grandes temas da teologia reformada.
· Sem negligenciar a obra e o ser de Deus ou os grandes temas da eleição, vocação, justificação, adoção, santificação e glorificação, a ênfase dos teólogos puritanos na experiência religiosa e na piedade prática deu aos seus escritos um teor incomum entre os teólogos reformados de outras partes da Europa. Um bom exemplo disso é O Peregrino (1676), de John Bunyan.
A ênfase prática da teologia puritana levou-a a dar grande atenção à ética pessoal e social em casos de consciência, discussões sobre vocação e o relacionamento entre a família, a igreja e a comunidade no propósito redentor de Deus.
A reforma do culto e da prática religiosa popular, ouvindo e obedecendo a palavra de Deus, bem como a santificação do tempo convergiram no desenvolvimento do sabatarianismo, um dos legados mais duradouros da teologia puritana aplicada.
4.4. Teologia
Segundo William Ames, a teologia "é para nós a suprema e a mais nobre das disciplinas exatas. É um guia e plano-mestre para o nosso fim mais elevado, enviado por Deus de maneira especial, tratando das coisas divinas... Não existe preceito de verdade universal relevante para se viver bem em economia doméstica, moralidade, vida política e legislação que não pertença legitimamente à teologia" (A medula da teologia, 1623).
Os puritanos eram estritos defensores da teologia reformada, que inicialmente tinham em comum com a Igreja da Inglaterra (os Trinta e Nove Artigos ensinavam a doutrina reformada da Ceia do Senhor e afirmavam a predestinação). Depois que muitos anglicanos adotaram uma posição mais arminiana (1620s), os puritanos defenderam vigorosamente o calvinismo devido à sua afirmação intransigente da graça imerecida de Deus.
Alguns puritanos, como William Perkins, William Ames e John Owen, deram importante contribuição para o desenvolvimento da ortodoxia reformada.
Uma contribuição puritana mais específica foi a articulação do aspecto prático e afetivo da religiosidade. Richard Rogers, John Dod e Richard Sibbes foram fontes de um movimento devocional puritano que floresceu especialmente após a Restauração (1660) com grandes autores como Richard Baxter, Joseph Alleine e John Flavel.
Os puritanos escreveram uma enorme literatura sobre a vida espiritual, incluindo sermões, meditações, exposições bíblicas práticas, aforismos de orientação espiritual, biografias e autobiografias.
Essa literatura dava ênfase a temas como a experiência pessoal de conversão, a regeneração pelo Espírito Santo, a união mística da alma com Cristo, a busca de certeza da salvação e o crescimento em santidade de vida.
A maior expressão dessa "teologia afetiva" foi a alegoria de John Bunyan (†1688), O Peregrino, que retratou a vida cristã como peregrinação e luta espiritual.
A maioria dos puritanos estavam firmemente comprometidos com uma igreja nacional, dando forte ênfase à pureza do culto e do governo bíblicos como parte de uma reforma contínua. Uma pequena minoria não via esperança de reforma sem separação da igreja oficial e a criação de uma igreja de santos em relação pactual
"A fidelidade da teologia puritana à revelação bíblica, sua abrangência, sua integração com outros tipos de conhecimento, sua profundidade pastoral e espiritual, seu êxito em criar uma tradição duradoura de culto, pregação e espiritualidade fazem dela uma tradição de permanente importância no cristianismo de língua inglesa e na tradição reformada mais ampla" (I. Breward).
4.5. Contribuições dos puritanos
Ver Leland Ryken, Santos no Mundo:
- Vida teocêntrica - Toda a vida pertence a Deus
- Vendo Deus nos lugares comuns
- A importância da vida
- Vivendo num espírito de expectativa
- O impulso prático do puritanismo
- A vida cristã equilibrada
- A simplicidade que dignifica
4.6. Puritanos notáveis
William Perkins (1558-1602) - sua teologia foi o primeiro grande exemplo de uma síntese da teologia reformada aplicada à transformação da sociedade, igreja e indivíduos da Inglaterra elizabetana. Em sua obra mais famosa, Armilla Aurea (A corrente de ouro - 1590), ele expôs a tradição reformada em torno do tema da teologia como "a arte de viver bem". Deu ênfase à majestade da ordem de Deus e sua implicações sociais e pessoais. Foi o primeiro teólogo elizabetano com uma reputação internacional. Também destacou-se extraordinariamente como pregador.
William Ames (1576-1633) - discípulo mais destacado de Perkins e prolífico escritor. Sua críticas contra a Igreja da Inglaterra causaram o seu exílio na Holanda (onde foi professor) e a proibição dos seus livros na Inglaterra. Suas obras mais famosas são: A Medula da Teologia (1623) e Casos de Consciência (1630). Morreu poucos antes de uma planejada mudança para Massachusetts, onde sua influência, bem como na Holanda, persistiu até o século 18. Sua teologia prática acentuou como cada aspecto da vida devia ser dedicado à glória de Deus.
Richard Sibbes (1577-1635) - foi estudante e professor em Cambridge. Exemplificou a síntese entre profundidade bíblica e sensibilidade pastoral que caracterizou a teologia puritana no que tinha de melhor. Seus escritos são práticos antes que sistemáticos e mostram claramente porque as ênfases puritanas foram assimiladas tão plenamente pelos leigos. Escritos seus como A Porção do Cristão e A Exaltação de Cristo Comprada por sua Humilhação revelam não só uma rica soteriologia, mas profundas percepções sobre a criação e a encarnação.
Thomas Goodwin (1600-1680) - foi influenciado por Sibbes e outros. Estava destinado a uma promissora carreira eclesiástica, mas abriu mão da mesma ao ser convencido por John Cotton (1584-1652) da legitimidade da independência. Depois de algum tempo na Holanda, desempenhou um papel importante na Assembléia de Westminster. Teve atuação destacada no regime de Cromwell e foi presidente do Magdalen College, em Oxford. Buscou unir independentes e presbiterianos em Cristo, o Pacificador Universal (1651). Seu profundo encontro pessoal com Cristo permeou todos os seus escritos.
Richard Baxter (1615-1691) - foi ordenado em 1638 e dois anos depois rejeitou o episcopalismo. De 1641 a 1660 foi ministro de uma paróquia em Kidderminster. Após a guerra civil, apoiou a Restauração e tornou-se capelão de Carlos II. Excluído da Igreja da Inglaterra após o Ato de Uniformidade (1662), continuou a pregar e foi encarcerado em 1685 e 1686. Tomou parte na deposição de Tiago II e deu as boas-vindas ao Ato de Tolerância de Guilherme e Maria. Suas obras incluem O Repouso Eterno dos Santos (1650) e O Pastor Reformado (1656).
John Owen (1616-1683) - ao lado de Baxter, o grande pensador sistemático da tradição teológica puritana. Educado em Oxford, enfrentou uma longa luta espiritual em busca da certeza de salvação, que terminou por volta de 1642. Dedicou seus formidáveis dotes intelectuais à causa parlamentar. Inicialmente presbiteriano, converteu-se à posição independente através da leitura de John Cotton. Fez uma vigorosa exposição do calvinismo clássico em Uma Exibição do Arminianismo (1643). Em A Morte da Morte na Morte de Cristo (1647) fez uma brilhante apresentação da doutrina da expiação limitada. Até o fim da vida trabalhou por uma igreja nacional mais abrangente e pela reconciliação dos dissidentes rivais.
John Bunyan (1628-1688) - após lutar na guerra civil, em 1653 filiou-se a uma igreja independente em Bedford. Um ou dois anos depois, começou a pregar com boa aceitação. Foi aprisionado de modo intermitente entre 1660 e 1672, o que lhe permitiu escrever sua obra-prima, O Progresso do Peregrino (1678), e outros escritos. Após 1672, dedicou-se à pregação e ao evangelismo em sua região. Outras obras famosas de sua lavra são A Guerra Santa (1682) e Graça Abundante para o Principal dos Pecadores (1666).
Na primeira metade do século XVII, a Inglaterra foi governada por Jaime I e Carlos I, monarcas da dinastia Stuart, de origem escocesa.
Jaime I assumiu o trono após a morte de Elisabeth I, que não deixou herdeiros diretos. Sob os Stuarts, a monarquia inglesa enfrentou uma grave crise de poder com o Parlamento, fato que levou o país a guerra civil e ao fim do absolutismo.

Entendendo um pouco da Hitória para compreender o movimento dos puritanos
A CRISE DO ABSOLUTISMO: MONARQUIA X PARLAMENTO

Jaime 1 (1603/1625) tentou estabelecer na Inglaterra uma verdadeira monarquia absolutista de caráter divino, tal como ocorria no resto da Europa. Procurou fortalecer o Anglicanismo, através de uma política tica de elevação dos dízimos pagos à Igreja Anglicana, pois, segundo ele, "sem bispo não há Rei". Aumentou também os impostos alfandegários e a venda de concessão para a exploração das indústrias de carvão alúmen e tecidos.
A tentativa de fortalecer o poder real através da taxação repercutiu desfavoravelmente na Câmara dos Comuns, com o argumento de que ela era contrária ao direito dos súditos. A Câmara dos Comuns reunia deputados eleitos nos condados e nas cidades, ou seja, a "gentry" e a burguesia urbana, grupos ligados por interesses comerciais. Em resumo, o governo de JaimeI provocou violentas disputas com o Parlamento e descontentamento generalizado entre seus membros.
Seu filho e sucessor Carlos I (1625/1642) continuou com a de terminação de governar como monarca absolutista, ignorando as novas forças sociais e econômicas que estavam se impondo na Inglaterra. Sua política de impor empréstimos forçados e de encarcerar aqueles que se recusavam a pagar provocou a aprovação, em 1628, da famosa "Petição de Direitos", lei que considerava ilegal a criação de impostos pelo rei, sem o consentimento do Parlamento e proibia a prisão arbitrária.
Em represália, Carlos I governou durante onze anos sem convocar o Parlamento. Para sustentar o Estado, ele criou taxas, restabeleceu tributos feudais, cobrou multas, multiplicou monopólios e estendeu o imposto do "ship money", pago apenas pelas cidades portuárias para a defesa da marinha real, às demais regiões do país.
Outro grave problema ocorreu quando Carlos I tentou impor o Anglicanismo a Escócia presbiteriana (calvinista), provocando a invasão da Inglaterra pelo exército escocês. Com o país ocupado e a burguesia recusando-se pagar o "ship money" o monarca não teve outra saída senão convocar o Parlamento, para obter recursos. Ao entrar em funcionamento, em 1640, o Parlamento despojou Carlos I de toda autoridade, aboliu o "ship money" e aprovou uma lei que tornava sua convocação obrigatória, pelo menos uma vez a cada três anos.
Em 1641, uma revolta na Irlanda católica desencadeou a crise que levou à Revolução. 0 Parlamento recusou-se terminantemente a entregar o comando do exercito destinado à reconquista da Irlanda ao rei, por não confiar nele. Carlos I, entretanto, não se conformou com a perda de seus direitos de chefe das forças armadas. Com um grupo de adeptos, invadiu o Parlamento e tentou inutilmente prender os lideres da oposição. Sem apoio em Londres, retirou-se para o norte do país, organizou um novo exército e acabou por mergulhar o país numa violenta guerra civil, que durou de 1642 a 1649.
A REVOLUÇÃO INGLESA OU "REVOLUÇÃO PURITANA"
O confronto entre a Monarquia e o Parlamento, agravado pelas divergências religiosas, levou ao conflito armado: teve início a guerra civil (1642-1649) - também chamada "Revolução Puritana" - envolvendo os "Cavaleiros, partidários do Rei e os "Cabeças Redondas", defensores do Parlamento.
Os realistas eram principalmente anglicanos e católicos e seus adversários eram puritanos" (calvinistas) moderados e radicais defensores dos direitos à propriedade e sua livre exploração.
Entretanto, os dois grupos pertenciam basicamente às mesmas classes sociais, de proprietários de terras: a alta nobreza, a gentry e a burguesia.
Para o historiador inglês Christopher Hill, a divisão fundamental da sociedade inglesa, que levou à guerra civil, não era de fundo religioso ou social e sim econômico:
"As regiões partidárias do Parlamento eram o sul e o leste economicamente avançados; a força dos realistas residia no norte e no oeste, ainda semifeudais. Todas as grandes cidades eram parlamentares; freqüentemente, contudo, suas oligarquias privilegiadas sustentam o rei... Só uma ou duas cidades episcopais, Oxford e Chester, eram realistas. Os portos eram todos pelo Parlamento... "mesma divisão encontramos no interior dos condado., os setores industriais eram pelo Parlamento, mas os agrícolas pelo rei."
Entre os "Cabeças Redondas" destacou-se Oliver Cromwell, membro da gentry, que chefiou a cavalaria do exército do Parlamento, sendo 1 responsável pelas primeiras vitórias sobre os realistas, em 1644.
Cromwell organizou seu regimento de forma democrática: os soldados eram pequenos e médios proprietários rurais, alistados voluntariamente e o critério de promoção baseava-se exclusivamente na eficiência militar. Aos poucos, as forças do Parlamento passaram a se organizar da mesma maneira, formando o "New Model Army", imbatível nos campos de batalha.
No rastro do New Model Army, surgiu um novo partido, de tendência democrática, os "Levellers" (niveladores), formado por pequenos proprietários rurais, que defendiam a extinção da monarquia, o direito de voto e de representação no Parlamento a todos os homens livres, a separação entre a Igreja e o Estado, o livre comércio e a proteção da pequena propriedade.
Sob a liderança de Oliver Cromwell, o New Model Army, apoiado pelos niveladores, venceu a guerra, prendeu e decapitou o rei Carlos I e proclamou a república, em 1649. A monarquia foi considerada "desnecessária, opressiva e perigosa para a liberdade, segurança e interesse público do povo". A Câmara dos Lords também foi extinta, por "inútil e perigosa".
A REPÚBLICA DE CROMWELL (1649-1658)
Sustentado pelo exército, Cromwell logo dominou o Parlamento e o Conselho de Estado criado no lugar do rei. A partir de 1653, transformou-se em ditador vitalício e hereditário, com o título de Lord Protetor.
Entretanto, o novo governo não atendeu as reivindicações dos "niveladores" de direito às terras e seu partido foi derrotado, Na República de Cromwell (ou commonwealth), prevaleceram os interesses da burguesia e da gentry. As estruturas feudais ainda existentes foram eliminadas, favorecendo o livre desenvolvimento do capital. As terras dos defensores do Rei e da Igreja Anglicana foram confiscadas e vendidas para a gentry. A propriedade absoluta das terras ficou legalizada favorecendo o cercamento dos campos para a produção para o mercado. Com isso, muitos camponeses foram definitivamente expulsos da área rural ou transformaram-se em mão-de-obra assalariada.
De fundamental importância para o desenvolvimento comercial e marítimo da Inglaterra, foi à promulgação do "Ato de Navegação" de 1 1651, estabelecendo que o transporte de mercadorias importadas para o país deveria ser feito apenas em navios ingleses. No plano externo, Cromwell manteve a conquista da Irlanda e da Escócia e ampliou o império colonial inglês no Caribe e o domínio dos mares.
A Lei de Navegação inglesa de 1651

"Para o progresso do armam o marítimo e da navegação, que sob a boa providencia e proteção divina interessam tanto à prosperidade, à segurança e ao poderio deste Reino (...) nenhuma mercadoria será importada ou exportada dos paises, ilhas, plantações ou territórios pertencentes a Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros navios senão nos que sem nenhuma fraude pertencem a súditos ingleses, irlandeses ou gauleses, ou ainda a habitantes destes países, ilhas, plantações e territórios e que são comandados por um capitão inglês e tripulados por uma equipagem com três quartos de ingleses ( ... )."
Após sua morte em 1658, Oliver Cromwell foi sucedido por seu filho Richard Cromwell que, entretanto, não conseguiu governar, pois não exercia a mesma influência que o pai sobre o exército. Após breve período de crise, o Parlamento convocou Carlos II para assumir o trono, em 1660.
A REVOLUÇÃO GLORIOSA DE 1666/1689 - A VITÓRIA DO PARLAMENTO
A restauração no trono da Inglaterra dos Stuarts (Carlos II e Jaime II) não significou a volta ao absolutismo e sim a afirmação do Parlamento como a principal força política da nação.
Carlos II (1660-1685) submeteu-se às limitações do poder real impostas pelo Parlamento, com o qual conviveu em harmonia até quase o final de seu governo. Em 1679, votou-se a importante lei do "Hábeas Corpus" (hoje adotada por todos os países democráticos), que protegia o cidadão das prisões e detenções arbitrárias, constituindo valioso instrumento de garantia à liberdade individual.
Seu sucessor Jaime II (168 -1688) pretendeu restabelecer o Catolicismo, contra os interesses da maioria protestante, desafiando o Parlamento. Foi deposto por um golpe de Estado, na "Revolução Gloriosa" (1688-1689), assim chamada porque ocorreu sem os derramamentos de sangue e sem os radicalismos da Revolução Puritana, da qual pode ser considerada um complemento.
A Coroa foi entregue ao príncipe holandês e protestante, Guilherme de Orange, genro de Jaime II. Em 1689, o Parlamento aprovou e o Rei sancionou o "Bill of Rights" ou "Declaração de Direitos". Essa lei limitou a autoridade do monarca, deu garantias ao Parlamento e assegurou os direitos civis e as liberdades individuais de todos os cidadãos ingleses.
A DECLARAÇÃO DE DIREITOS
"A Declaração de Direitos redigida pelo Parlamento em 1689, é precedida de um longo preâmbulo que expõe as violações das leis e costumes do Reino da Inglaterra por Jaime II e relembra as condições da subida ao trono de Guilherme de Orange. A Declaração expõe em seguida os direitos e liberdades do povo inglês.
Eis alguns artigos:
Art 1o. Que o pretenso poder de suspender a execução das leis pela autoridade real, sem o consentimento do Parlamento, é contrário às leis.
Art. 4o. Que toda a retirada de dinheiro para uso da Coroa, sob pretexto da prerrogativa real, sem que tenha sido estipulada pelo Parlamento, ou por tempo mais longo ou de outro modo com que tenha sido concedida, é contrária às leis.
Art. 6o. Que criar e manter um exército no Reino em tempo de paz sem o consentimento do Parlamento, é contrário às leis.
Art. 8o. Que as eleições dos deputados ao Parlamento devem ser livres.
Art 9o. Que os discursos feitos nos debates no Parlamento não devem ser examinados em nenhuma Corte nem em outro lugar a não ser no próprio Parlamento.
A Guerra Civil e a Revolução Gloriosa consolidaram, na Inglaterra, o sistema monárquico-parlamentar vigente até nossos dias.
0 predomínio da gentry e da burguesia mercantil, no Parlamento, criou as condições necessárias ao avanço da industrialização e do capitalismo, no decorrer dos séculos XVIII e XIX.
Revolução Inglesa ou Puritana
A REVOLUÇÃO INGLESA (1642-1688)
1) Burguesia contra o Absolutismo
1.1. A burguesia se fortalece, e o Absolutismo passa a ser um estorvo
Desde a formação do Absolutismo na Inglaterra, com a Dinastia dos Tudor (1485-1603), a burguesia comercial beneficiou-se do sistema de monopólio defendido pelo Estado.
Entretanto, na medida em que o contingente numérico da burguesia se expandiu (ou seja, surgiram muitos novos burgueses) ao longo do século XVI e XVII, formaram-se duas categorias dentro da burguesia: uma, por um lado, detentora de privilégios monopolistas sobre o comércio externo, e outra, restrita ao comércio interno e privada das vantagens oferecidas pelo Absolutismo.
No seio desta burguesia "deserdada" pelo Estado, destaca-se um novo tipo, a burguesia industrial.
Assim, no século XVII, a maior parte da burguesia inglesa (incluindo a dinâmica burguesia industrial) era prejudicada pelo mercantilismo e pelo sistema de monopólios, e desejava eliminá-lo.
2) A Dinastia Stuart: um reforço inoportuno do absolutismo
2.1. No lugar errado, na hora errada: a Dinastia Stuart (1603-1649 / 1660-1688)
O último monarca da Dinastia Tudor, Elizabete I, não deixou herdeiros, e por isso, ocuparam o trono da Inglaterra seus parentes mais próximos, os Stuart da Escócia.
Os Stuart tiveram como principal meta política reforçar o Absolutismo na Inglaterra, tentando aproximálo do modelo francês. Para isso, adotaram com maior ênfase a idéia de direito divino. Tiveram grande desprezo pelo Parlamento e pelas opiniões da burguesia e da gentry.
Jaime I (1603-1625) aliou-se aos grandes nobres e vendeu inúmeros títulos de nobreza.
Já Carlos I (1625-1648) empreendeu uma severa política fiscal, aumentando os impostos para financiar os gastos da monarquia inglesa, sobretudo militares. O aumento da carga tributária passou a ser combatido pelo Parlamento, amparado na Magna Carta, que proibia cobranças de impostos sem consentimento dos contribuintes. Entretanto, os Stuart permaneceram insensíveis aos protestos, agindo de forma ilegal para a obtenção de recursos para o Estado.
No plano religioso, os Stuart defenderam a uniformidade religiosa da Inglaterra em torno da Igreja Anglicana, perseguindo ferozmente os puritanos (calvinistas). Vale lembrar que o calvinismo era a religião da maior parte da burguesia "deserdada" (aquela que não usufruía das vantagens do Estado).
Em 1628, a maioria burguesa reunida no Parlamento aprovou a Petição de Direitos, declaração formal que reforçava os princípios da Magna Carta (1215) contra as medidas arbitrárias do Rei . Os Stuarts aceitaram num primeiro momento o protesto, mas em 1630, ordenam o fechamento do Parlamento, iniciando na Inglaterra o chamado Período da Tirania (1630-1640).
2.2. Os Stuart convocam o apoio da burguesia, mas já era tarde
Diante da resistência da Escócia ao Absolutismo dos Stuart e da tentativa de expandir a Igreja Anglicana para esta região (a Escócia era Calvinista Presbiteriana), os Stuart convocaram os Parlamento buscando apoio financeiro dos principais líderes da burguesia para uma guerra contra os escoceses (1639).
A burguesia, reunida no Parlamento, não aceita as imposições dos Stuart e revoga a maior parte dos impostos cobrados ilegalmente. A Inglaterra estava assim dividida entre dois poderes: o Parlamento, dando ordens por um lado, e o Rei, governando por outro.
3) A Guerra Civil (1642-1649)
3.1. Inicia-se o conflito entre o Parlamento e o Rei
Aliados do Rei ("cavaleiros")
A nobreza feudal do Norte, enfraquecida após a Guerra das Duas Rosas, resolve apoiar o Rei contra a burguesia, desejosa de resgatar seu prestígio perdido.
Igreja Anglicana
Burgueses associados ao Absolutismo, prestigiados pelos monopólios e pelo mercantilismo.
Inimigos do Rei ("Puritanos", "Cabeças Redondas")
Gentry
Toda a burguesia excluída dos monopólios do Estado (em especial a burguesia industrial).
Ao fim da Guerra Civil, o Rei Carlos I Stuart foi decapitado pelas forças revolucionárias.
4) A República de Cromwell (1649-1660)
4.1. Diante das dificuldades, burguesia entrega poder a Cromwell
Diante do boicote sofrido pela Inglaterra por parte dos Estados Absolutistas da Europa, e da crise econômica gerada pela Guerra Civil, a burguesia vitoriosa não teve outra alternativa senão entregar o poder pessoalmente a Cromwell, que a partir de 1653, assumiu o poder como Lorde Protetor, eliminando o Parlamento e atuando como um ditador.
Cromwell aboliu a propriedade feudal e instituiu o Ato de Navegação (1651) que garantia que somente navios ingleses (ou procedentes do país de origem das mercadorias transportadas) poderiam comercializar em portos da Inglaterra. Este ato reforçou o poderio naval inglês.
O Ato de Navegação resultou na Guerra Ango-Holandesa (1652-54), com vitória inglesa.
4.2. Levellers e True Levellers (diggers)
Os Levellers eram uma facção política formada pequenos proprietários rurais que almejavam a expansão dos direitos políticos na Inglaterra, tentando ir além do voto censitário.
Já os Diggers eram uma facção política formada por camponeses, que pretendiam, além da expansão dos direitos políticos, a reforma agrária.
A ameaça dos Levellers e o dos Diggers foi utilizada por Cromwell e seus seguidores como justificativa para a ditadura.
5) A Restauração Stuart e a Revolução Gloriosa
5.1. Cromwell morre e os Stuart retornam ao poder (1660-1688)
Em 1658, com a morte de Cromwell, e após os dois anos do governo de Ricardo, filho de Cromwell, o Parlamento aceita o retorno da Dinastia Stuart, mas desta vez exigindo completa obediência dos Reis aos princípios da Magna Carta e da Petição de Direitos.
Carlos II (1660-1685) assume a coroa, mas com claras indicações de que reconduziria a Inglaterra ao absolutismo de fato.
Com isso o Parlamento se divide em duas facções; os Whigs (liberais, partidários de um governo parlamentar) e os Tories (conservadores, partidários da presença forte dos Stuart como garantia contra tendências radicais surgidas no contexto da revolução).
Os Stuart, a despeito do Parlamento, resgatando os monopólios, e tentar ir mais além, buscando a conversão da Inglaterra ao Catolicismo.
Jaime II (1685-1688) esposara uma nobre protestante e com ela tivera duas filhas, uma das quais casada com Guilherme de Orange, chefe de Estado das Províncias Unidas da Holanda. Em seu segundo casamento, escolhera uma esposa católica, e com ela tivera um filho. Assim, nascia um herdeiro católico para o trono da Inglaterra, Escócia, Irlanda e Gales, o que era demais para o Parlamento consentir.
5.2. O Parlamento se revolta e depõe finalmente os Stuart (1688)
Diante da resistência dos Stuart em aceitar as mudanças impostas pela Revolução Puritana, Tories e Whigs (conservadores e liberais, no Parlamento) resolvem decretar oposição aberta ao Rei.
O parlamento estabelece aliança com o Príncipe Guilherme de Orange, genro de Jaime II Stuart, para que assumisse o poder na Inglaterra, e solicita que venha apoiado por um exército.
Com o desembarque do príncipe de Orange na Inglaterra, juntamente com suas tropas, Jaime II foge com destino a França, mas é capturado. Desejando não criar um novo mártir para a causa absolutista, Guilherme de Orange permite que Jaime II fuja em segredo. Ele é acolhido por Luís XIV, que lhe ofereceu um palácio e generoso subsídio do Estado francês.
Guilherme de Orange torna-se Guilherme III da Inglaterra (1689) e passa a governar em conjunto com Ana da Bretanha, sua mulher (filha de Jaime II Stuart). Aceitam todos os limites impostos pela burguesia ao Poder Real através da Declaração de Direitos (Bill of Rights). Assim, o Parlamento volta a ser a autoridade central na Inglaterra.
A Declaração de Direitos garantia liberdades civis, de imprensa e opinião, proteção à propriedade privada e autonomia do Judiciário. Estabelece taxações submetidas à aprovação parlamentar, e pelo Ato de Tolerância, fica estabelecida a liberdade religiosa.
Em 1689, vom apoio de Luís XIV e do exército francês, Jaime II desembarcou na Irlanda, O Parlamento Irlandês não havia reconhecido a deposição dos Stuarts, e ainda desejava o domínio de um rei católico. As tropas inglesas desembarcaram em 1690 e na Batalha de Boyne, Jaime II foi vencido e retornou para a França.
Luís XIV ofereceu a Jaime II sua eleição como Rei da Polônia, mas o ex-monarca Stuart recusou, temendo que a aceitação "não fosse entendida pelo povo inglês", e impedisse seu "triunfal retorno" ao poder na Inglaterra.
Cansado de Jaime II, Luís XIV desiste de qualquer tipo de ajuda aos Stuarts.Este foi o primeiro processo de extinção do Absolutismo em um país europeu e de hegemonia das idéias burguesas, que serviria de exemplo para processos semelhantes posteriormente.